São Paulo, terça-feira, 5 de setembro de 1995
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Países da AL querem controle sobre os capitais especulativos

LILIANA LAVORATTI
ENVIADA ESPECIAL A QUITO

Os países latino-americanos querem controlar os movimentos especulativos de capitais estrangeiros para evitar novas crises econômicas, como a vivida pelo México no final de 1994.
Esta posição predominou entre os 12 presidentes e dois vice-presidentes que participam, em Quito (Equador), da 9ª Cúpula do Grupo do Rio, entidade criada em 1986 com a finalidade de discutir temas comuns aos países da região.
A cúpula assumiu a proposta do presidente Fernando Henrique Cardoso, feita no ano passado, de exigir das instituições financeiras internacionais a criação de mecanismos para reduzir o efeito nocivo destes movimentos especulativos de capitais, que são destinados principalmente às aplicações financeiras de curto prazo.
O vice-presidente Marco Maciel disse que os capitais especulativos tornam mais vulneráveis as economias emergentes -que é o caso do Brasil, México e Argentina.
As elevadas taxas de juros -comuns nos planos de estabilização destes países- atraem os recursos estrangeiros para o mercado financeiro, dificultando os investimentos diretos na produção.
Segundo Maciel, o governo vai realizar nos próximos meses um seminário para discutir com os partidos políticos e organizações da sociedade civil qual o tratamento a ser dispensado ao movimento de capitais estrangeiros.
As conclusões poderão influenciar novas medidas do governo para policiar a entrada destes recursos. Há algumas semanas, o BC (Banco Central) passou a cobrar IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) na entrada destes recursos.
Na semana passada, o governo revelou a intenção de cobrar IR (Imposto de Renda) das remunerações obtidas por estrangeiros nas bolsas de valores, a partir de 1996.
O compromisso dos países latino-americanos com um maior controle do fluxo de capitais estrangeiros deverá fazer parte do documento final da cúpula.
As propostas serão negociadas pelo grupo junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional), Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento.
A única resistência partiu do governo do México, que apesar de ter sido o mais prejudicado com a fuga de capitais, mantém uma posição moderada em relação à defendida pelo Brasil.
O México foi socorrido pelos Estados Unidos. É deste país que sai a maior parte dos capitais estrangeiros aplicados na Bolsas do México, Brasil e Argentina.

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Sobre a cúpula à pág. 2-9

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