São Paulo, terça-feira, 5 de setembro de 1995 |
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Mulheres desafiam governo chinês com passeata
SUZANA SINGER
Cerca de mil mulheres fizeram uma marcha "pela paz" até o arco de entrada do fórum. Cinquenta metros antes, policiais tentaram barrar a passeata. Aos gritos de "vamos, vamos", elas avançaram um pouco mais. O governo chinês havia designado uma área específica para manifestações, um "protestódromo" no pátio de uma escola. As mulheres já começaram a concentração fora dessa área. Às 17h, vestidas de preto, elas ergueram faixas e cartazes. Os slogans eram de todo tipo: "Ruanda é um crime contra a humanidade". "Não deixaremos o Japão esquecer essa guerra criminosa sem compensar as mulheres". "Nossas amarras são as mentes dos homens". As mulheres seguraram as faixas, em silêncio, por uma hora. "Silêncio é a nossa língua porque é a língua da angústia", diziam. Aos poucos, foram acendendo velas e começaram a andar. A barreira chinesa era formada por um segurança -de 2 metros de altura- e três policiais femininas. As mulheres pararam, sentaram-se no chão e cantaram "We Shall Overcome" ("Nós Venceremos"), hino do movimento negro norte-americano. Uma chinesa pediu ao guarda que liberasse a passagem. Ele negou. "Estou fazendo o meu trabalho", disse. Ela insistiu: "Antes de tudo, seja chinês". Enquanto isso, um grupo mais exaltado resolveu continuar a marcha e as demais aderiram. No arco de entrada do fórum, o chinês de 2 metros e as policiais já estavam posicionados de novo. As feministas pararam e encararam os guardas. Voltaram os gritos de "vamos, vamos", mas uma das organizadoras convenceu as mulheres a se dispersarem. Texto Anterior: Conferência começa na China com críticas ao infanticídio feminino Próximo Texto: Debate sobre sexualidade lota Índice |
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