São Paulo, terça-feira, 5 de setembro de 1995
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Acredite se quiser

Ainda não está claro se a recessão vai ou não se aprofundar.
De um lado, os dados de desemprego, férias coletivas, falências e concordatas ainda assustam e revelam com nitidez que praticamente seis meses de aperto monetário fizeram efeito. A economia se desaqueceu, a classe média sofreu o peso inesperado de prestações mal planejadas e em especial de serviços sempre mais caros.
Entretanto, nas últimas semanas alguns indicadores menos negativos começaram a conviver com a realidade do desaquecimento.
Os preços de serviços, por exemplo, já ensaiam um recuo. O mesmo vale para os indicadores de inadimplência. E, no começo do fim do terceiro trimestre, comércio e indústria já planejam seus estoques para a temporada de fim de ano.
Entre os fatores de sustentação do nível de atividades estaria o fato de que os mesmos consumidores que em 1994 assumiram crediários mais ou menos longos poderiam a partir de agora se liberar para novas aquisições -provavelmente mais moderadas que no passado.
Contribui também a ocorrência de dissídios em importantes categorias de trabalhadores a partir de setembro. A lista inclui bancários, metalúrgicos e petroleiros.
Seja porque já liquidaram seus crediários, seja porque a inflação baixa e os juros estão caindo gradualmente, ou mesmo pela proximidade das festas de fim de ano, há motivos para que uma recessão nua e crua ainda seja evitada. Resta saber se, além de algumas empresas e consumidores, o governo também quer acreditar nisso.

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