São Paulo, quinta-feira, 7 de setembro de 1995
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Falta de acordo entre tendências impede definição de poder no PT

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT não conseguiu ainda definir a sua nova direção. Quase três semanas depois da eleição de José Dirceu para a presidência do partido, os grupos petistas não preencheram até agora nenhum cargo da Executiva (instância de decisão da legenda).
A principal divergência entre o grupo de Dirceu e as alas de esquerda e extrema esquerda do PT é sobre a secretaria-geral, o segundo cargo mais importante na estrutura do partido.
Cabe ao secretário-geral, entre outras tarefas, administrar conflitos internos e negociar politicamente com outros partidos.
Dirceu pretende entregar a secretaria para Cândido Vaccarezza, ligado ao deputado estadual paulista Rui Falcão. O setor mais à esquerda do partido, que detém 46% dos votos no diretório, reivindica o mesmo cargo.
Na negociação, a esquerda petista propôs o nome de Joaquim Soriano, da tendência trotskista "Democracia Socialista", para secretário. O grupo de Dirceu, com o apoio de Luiz Inácio Lula da Silva, não aceita essa indicação.
Lula e Dirceu querem que a Executiva seja formada também com base na representatividade externa das pessoas, e não apenas pelo poder nas tendências internas.
O setor que elegeu Dirceu aceita, por exemplo, discutir a indicação do deputado federal gaúcho Miguel Rossetto para a secretaria. Rossetto pertence à "Democracia Socialista", mas na avaliação do presidente petista tem maior visibilidade pública que Soriano, seu companheiro de corrente, o que o credenciaria para o cargo.
Lula e Dirceu também não concordam com outras indicações já feitas para a Executiva. Querem, por exemplo, que Ivan Valente, Arlindo Chinaglia, Plínio de Arruda Sampaio e Hamilton Pereira ganhem vagas na direção.
Ocorre que os grupos mais à esquerda do PT optaram, em decisões internas, por nomes desconhecidos da sociedade para integrar a nova direção do PT.
A corrente "Hora da Verdade", por exemplo, indicou inicialmente para a Executiva Sonia Hipólito, Irini Lopes e Valter Pomar. Com isso, o deputado Arlindo Chinaglia estaria fora da nova direção.
Chinaglia não concordou com o método da consulta interna e pode reverter a situação.
Se não houver um acordo entre as duas alas para a formação da Executiva, a questão será decidida no voto pelo Diretório Nacional do PT, nos dias 16 e 17 próximos.

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