São Paulo, quinta-feira, 7 de setembro de 1995 |
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'Maré Vermelha' faz ação claustrofóbica
DANIELA ROCHA
Mas o filme tem uma virtude: expor de forma crua a crise americana na escolha entre o caminho do bom senso e o do poder. O filme começa com o convite, até irônico, do comandante da Marinha Frank Ramsey (Gene Hackman) para que o capitão Ron Hunter (Denzel Washington) assuma o posto de seu subordinado direto na criteriosa missão de conduzir um submarino nuclear a águas russas. Vale destacar que trata-se de um comandante branco com um subordinado negro -que assume um alto cargo, mas que não deixa de ser subordinado. Esse mesmo subordinado mais tarde viria a ameaçá-lo em um confronto de habilidades em estratagema de guerra. Aos poucos, a inevitável divisão da tripulação em grupinhos rivais acontece. Existem os adeptos do bem, do bom senso de Hunter, e os adeptos da linha autoritária e fanática de Ramsey. O submarino segue seu trajeto até ser percebido (americanos são bons, mas também podem e até devem falhar) por um submarino russo, e uma intensa corrida debaixo d'água tem início. Guinadas radicais e muita correria, acidentes e vazamentos dignos dos melhores filmes de ação -tudo sob uma intensa luz vermelha. Finalmente vem a sinistra ordem da alta hierarquia governamental: lançar os mísseis. Aí bem e mal se confrontam: os mísseis só podem ser lançados com a autorização tanto de Ramsey como de Hunter. E, paralelamente a esse impasse, o perigo corre solto -ou americanos bombardeiam os russos ou vice-versa. Ainda assim o bom moço não autoriza e acaba preso pelo comandante, dando início à uma verdadeira guerra interna das duas facções da tripulação. Quem tem poder naquele submarino tem em suas mãos o botão para iniciar ou não a Terceira Guerra Mundial. Hackman e Washington travam um combate de interpretação de tirar o fôlego. Ainda que a história tenha uma queda pelo óbvio, o filme vale pelos atores que tem. Texto Anterior: O medo de errar conduz ao erro Próximo Texto: Arau faz realismo mágico trágico Índice |
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