São Paulo, quinta-feira, 7 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Arau faz realismo mágico trágico

DANIELA ROCHA
DA REDAÇÃO

O realismo fantástico no cinema demonstrou ser uma fórmula boa, vide "Como Água Para Chocolate", mas a dobradinha do diretor Alfonso Arau chega a ser trágica.
Em "Caminhando nas Nuvens", o diretor tenta recuperar o estilo em um dramalhão com situações que chegam a ser patéticas a bons nomes do cinema, como Giancarlo Giannini e o consagrado Anthony Quinn.
Keanu Reeves é o soldado Paul Sutton que, decepcionado com sua mulher, encontra em uma viagem a bela Victoria (Aitana Sanchez-Gijon).
Ela, grávida e voltando para casa da rica família mexicana Aragon, é amparada por ele, que assume a paternidade para evitar o confronto da jovem com seu pai.
Recebidos com frieza por Alberto Aragon (Giannini), que temia deixar como herança seus tradicionais vinhedos àquele desconhecido, a trama não poderia ser outra: os jovens mancebos se apaixonam.
O filme alterna cenas de rara beleza de luz e fotografia com cenários de gosto duvidoso. Os nervos vão ao extremo quando o pai descobre que Sutton já fora casado.
Vinhedos acabam em chamas. O jovem soldado tem que evitar que aquela família abastada perca tudo, e, dessa forma, provar o seu amor por Victoria. Sutton triunfa ao descobrir que a mais antiga das vinhedas ainda tinha seiva, em cena constrangedora em que todos têm suas caras pintadas a carvão e suas roupas aos trapos.
Reeves parece não saber para onde conduzir sua carreira, segundo seu mestre Anthony Quinn. Ele tentou o techno robótico em "Johnny Mneumonic" e tentou o romântico Paul Sutton neste "Caminhando nas Nuvens", mas parece que não chegou a conclusão alguma. Nos EUA, o filme foi reeditado durante seis meses. Ainda assim, não se salva.
(DR)

Texto Anterior: 'Maré Vermelha' faz ação claustrofóbica
Próximo Texto: Record exibe 'Meninos de São Vicente'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.