São Paulo, quinta-feira, 7 de setembro de 1995 |
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Música encanta executivo
SILVIO CIOFFI
Executivo da gigante Nippon Steel, siderúrgica que importa 25% da matéria-prima que utiliza do Brasil, Serita é graduado em economia e poderia ser chamado de doutor em música brasileira. Admirador do chorinho, que considera "menos trágico" que o fado, Serita não poupa palavras para reclamar mais retorno para investimentos japoneses. Mas é otimista quando fala das relações nipo-brasileiras. A seguir trechos da entrevista: CENTENÁRIO Japão e Brasil têm sido amigos por cem anos. Em 1895, um tratado celebrado em Paris deu início a contatos firmes e próximos. Em 1908 começamos a mandar imigrantes, no navio Kasato Maru, e hoje existem 1,3 milhões de japoneses-brasileiros. Temos ainda os dekaseguis, cerca de 150 mil pessoas que estão vivendo e trabalhando duro. Temos relações bilaterais, o campo comum da economia e o Japão investe no Brasil para produzir aço, alumínio, papel, produtos agrícolas. Agora temos tecnologia para oferecer. Esperamos algum retorno, mas os anos 80 foram de grande inflação no Brasil. Agora o país mudou dramaticamente. Com menos inflação e com o controle do governo. Considero o presidente Cardoso um tipo de herói que mudou a mente dos brasileiros. As coisas tendem a mudar rapidamente. O Brasil, acredito, terá apoio do seu Congresso Nacional para as mudanças necessárias, as mudanças constitucionais que podem modernizar o país. A Nippon Steel -empresa em que trabalho, importa metade do minério que consome da Austrália e outros 25% do Brasil- ajudou a construir a Usiminas, ainda nos anos 50. A Usiminas foi privatizada, está tendo bons resultados (fechou o ano passado com lucro líquido de US$ 422,8 milhões) e nos envia dividendos pela primeira vez. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Cosipa, que também contam com nossa cooperação no campo tecnológico, são nossas amigas. O BRASIL Estive no Brasil várias vezes. Na primeira, há 13 anos, visitei o Rio, São Luís, Belém e Carajás, que estava sendo construída. Estive no topo da montanha, um lugar único. Voei por aeroportos de terra, num DC-3. Peguei um helicóptero e sobrevoamos Carajás. Falamos de onças e, confesso, tive medo de virar comida de fera. Voltei ainda uma segunda e uma terceira vez, quando estive no Rio e em São Paulo, em Brasília, Porto Alegre, Recife, Belém e Manaus. O Brasil às vezes parece um paraíso, com tantas frutas, mulheres bonitas, cenários e praias, com um céu muito azul, com sua música. FESTIVIDADES Vou voltar em novembro desse ano e em março de 96. Em novembro planejamos a cerimônia do centenário e o vice-presidente Marco Maciel será convidado a ser chairman honorário do Comitê. O príncipe-herdeiro estará presidindo as celebridades em Tóquio no dia 1º de novembro. Brasília terá uma cerimônia no dia 9 de novembro. Sou muito otimista quanto às relações entre nossos países e quanto ao futuro do Brasil. Fiquei feliz, depois do plano Real, quando vi nas ruas pessoas com faces vívidas e energéticas. Quando senti que o país está mudando e acredito fortemente num futuro bem sucedido. Até me apaixonei pelo chorinho. É diferente do samba e da bossa-nova. Chorar, no caso, não tem nada de triste. O fado, em Portugal, é triste. SÍMBOLOS Vamos inaugurar em Yokohama e São Paulo, na praça Panamericana, um monumento em arco-íris feito por Toyoda Yutaka. A logomarca do centenário, com o numeral cem e as bandeiras brasileira e japonesa, foi feita por Manabu Mabe. Fizemos ainda selos comemorativos, com cenas de futebol e outro com o ipê-amarelo e a flor de cerejeira. Somos grandes amigos e há cem anos. Texto Anterior: Eventos celebram centenário de amizade Próximo Texto: Museu expõe a história da capital japonesa Índice |
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