São Paulo, quinta-feira, 7 de setembro de 1995
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Programa tem acampamentos

CRIS GUTKOSKI
DA AGÊNCIA FOLHA

Cruzar rios e igarapés de canoa, atolar o trator no mangue e atravessar dunas imensas para achar uma piscina, pode parecer aventura suficiente para quem acaba de deixar a cidade.
A ilha do Caju vai além e oferece programas mais radicais, se o visitante quiser desafiar a natureza e enfrentar o medo.
O plano de turismo-aventura consiste em acampar três noites no meio da mata e do mangue, em locais paradisíacos como o Canto do Areal, onde o deserto se encontra com a mata verde e a floresta seca do manguezal. Tudo isso na companhia dos mais diversos animais.
Durante o dia, o turista percorre as trilhas a pé, em caminhadas de quilômetros, ou remando canoas. À noite, dorme em redes instaladas entre as árvores, cobertas por um toldo, e põe à prova os dotes de pescador para garantir o jantar.
A escolha dos locais e o acompanhamento são feitos por um aventureiro profissional, o alpinista espanhol Mario Sanchez, 34.
Quando tinha 21 anos, Sanchez escalou os 7.150 metros do monte Everest. Conhece a região amazônica há sete anos e hoje é um dos administradores da Pousada Ecológica Ilha do Caju.
Sanchez afirma que o estresse é o problema mais comum enfrentado pelos turistas audaciosos. Atravessar o mangue com lama até o pescoço, sabendo que um jacaré pode aparecer sem aviso prévio, deixa qualquer um ansioso. Passado o perigo, porém, a sensação é de euforia.
Na ilha do Caju, mesmo quem opta por programas mais amenos precisa ter disposição para afundar no lodo, no caminho até o barco, e engolir poeira nos percursos de trator e jipe.
Pular as raízes do manguezal para observar caranguejos e pássaros requer equilíbrio. E haja fôlego para escalar as dunas sob um calor "senegalesco".
Os passeios a cavalo têm uma vantagem: não assustam os animais. Para os que sabem cavalgar é permitido conhecer a ilha sem o acompanhamento de guias.
Os nativos ensinam que, se você se perder, basta soltar as rédeas do animal que ele sabe voltar.

Lagoas
As lagoas na ilha do Caju dividem-se em dois tipos: com e sem jacarés. As primeiras são a maioria. Portanto, é bom verificar se não há pegadas de répteis por perto antes de dar um mergulho na lagoa escolhida.
Formadas entre as dunas devido às chuvas intensas da região, as piscinas naturais oferecem banho morno e repousante. A água é cristalina e abundante no chamado "inverno" (de janeiro a julho).
Além das lagoas e piscinas naturais, os rios da ilha são uma boa opção para nadar e relaxar.
Um cenário privilegiado envolve o rio Fundamento, ladeado por três tipos de mangue que abrigam ostras, caranguejos e pássaros. De barco chega-se até as dunas da Melancieira, as maiores da ilha.
(CG)

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