São Paulo, sexta-feira, 8 de setembro de 1995
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Secretário ouve críticas e tenta convencer equipe

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Dias, está combatendo em duas frentes. Numa delas, enfrenta as críticas dos agricultores, dos bancos e das cooperativas. Na outra, tenta convencer a equipe econômica das necessidades do setor rural.
Ele quer, por exemplo, convencer a área econômica a elevar de 17% para 25% a exigibilidade bancária.
Isso quer dizer que os bancos passariam, obrigatoriamente, a destinar um quarto de todos os depósitos à vista para o crédito rural (hoje são 17%).
Só essa mudança injetaria US$ 1 bilhão a mais no volume de crédito previsto para o plantio desde ano, calculado em torno de US$ 4 bilhões.
A mudança na exigibilidade está prevista -mas não confirmada- desde julho e faz parte das mudanças no recolhimento compulsório dos bancos ao Banco Central -que o governo aumentou para retirar dinheiro da economia e baixar o consumo e agora pretende reduzir lentamente.
"Ninguém (da equipe econômica) está rechaçando as propostas. O problema é que tem que equacionar as duas coisas: o problema da economia com o sistema financeiro e o consumo e o da agricultura", afirma.
"O pessoal ouve, balança a cabeça, mas até agora não tem decisão", afirma o secretário.
Dias revela que o governo tem intenção de consolidar até o fim deste mês o novo sistema de garantia da produção, que poderá, no futuro, substituir a Política de Garantia de Preços Mínimos.
Com ele, o governo vai fazer um contrato com o produtor prevendo um determinado preço para o produto na entressafra.
O agricultor tem a opção de vender seu produto à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), se o preço na entressafra for menor que o previsto.

Problemas
Dias admite a existência de "alguns problemas críticos de endividamento", principalmente entre os produtores de arroz do Sul e na sojicultura. "Mas não é esse quadro caótico que estão apresentando", explica.
O secretário afirma que, de fato, as dívidas vencidas não foram renegociadas. "Mas não foi isso que ficou acertado no acordo de julho" (quando governo e bancada ruralistas assinaram documento prevendo que 30% dos empréstimos em atraso que vencem este ano poderiam ser refinanciados).
Ele diz é cedo para fazer previsões sobre a próxima safra, e que o governo vai apresentar soluções a tempo.
Sobre as vendas dos insumos agrícolas estarem ainda em patamares baixos, argumenta que a queda das vendas se deve ao aumento de preços de até 20% entre junho e julho.
O secretário também admite a possibilidade de problemas na distribuição do crédito, com algum excesso de oferta para pequenos produtores.

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