São Paulo, sexta-feira, 8 de setembro de 1995
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Atentado fere 14 em escola judaica francesa

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

A explosão de um carro-bomba diante de uma escola judaica feriu 14 pessoas na tarde de ontem, em Lyon (sudeste da França).
Um descompasso de cinco minutos entre o horário de saída de 700 crianças e o do momento da explosão evitou um massacre.
Este é o sexto atentado (ou tentativa) na França em sete semanas. As explosões já mataram sete pessoas e feriram 121. Houve quatro ataques em Paris e dois em Lyon.
O grão-rabino de Lyon, Richard Wertenschlag, informou à Folha que foram encontrados pregos e porcas perto e dentro da escola. Rádios diziam que restos de um botijão de gás foram encontrados perto do carro-bomba.
Quatro das bombas deste ano foram construídas com botijões cheios de pregos e porcas.
O ministro do Interior, Jean-Louis Debré (a quem é subordinada a polícia), disse na TV que "há pistas que permitem pensar que este atentado está ligado aos demais cometidos neste ano".
Apesar de ainda não ter colhido qualquer prova objetiva, a polícia e o governo francês acreditam que os atentados foram cometidos pelo Grupo Armado Islâmico (GIA).
O GIA é um conjunto de grupos fundamentalistas islâmicos que combatem o governo argelino, o qual dizem apoiado pela França.
O carro-bomba estava estacionado a cerca de dez metros da porta principal da Escola Judaica de Villeurbanne, frequentada por crianças de 4 a 15 anos. A explosão incendiou um outro veículo e uma casa vizinha à escola.
Três crianças ficaram feridas, uma delas gravemente. Nenhum dos alunos se machucou. Os demais feridos eram pais de alunos e lojistas da rua da escola.
Segundo o rabino Wertenschlag, a comunidade judaica pretende tomar medidas de segurança ainda mais drásticas do que as que já haviam sido implantadas.
"A comunidade é especialmente visada. Em 82, na rua de Rosiers (no restaurante Goldemberg, no bairro judaico de Paris) seis pessoas morreram".
A comunidade vai solicitar à polícia que seja proibido o estacionamento diante de prédios que abrigam instituições judaicas.
O Ministério da Educação havia suspendido, desde a volta às aulas, na segunda-feira, os passeios coletivos de estudantes, as reuniões de pais e professores e a entrada de pais nas escolas.
Wertenschlag disse que a comunidade judaica mantém excelentes relações com os cristãos e muçulmanos da França. A Grande Mesquita de Paris enviou mensagem de solidariedade aos judeus de Lyon.
(VTF)

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