São Paulo, sexta-feira, 8 de setembro de 1995
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Cadastro de alunos; Regina Casé; Plano de saúde; Outra galáxia; Banespa; Sonho; César Maia; Desaparecidos; Gramática

Cadastro de alunos
"Chegam a ser ridículos o título e o conteúdo do artigo da professora Rose Neubauer, 'Cadastro de alunos: mais qualidade na Educação' (Folha, 5/9). Jogar num levantamento numérico a pretensão de se melhorar a educação só poderia partir de um governo equivocado e autoritário, sem projeto educacional, a não ser medidas de 'racionalização e contenção de custos' segundo o modelo neoliberal. Autoritário por querer enfiar 'goela abaixo' de professores e comunidade escolar medidas sem qualquer prévia discussão. É como se a sra. Rose e seu séquito fossem 'iluminados', sem precisar, democraticamente, ouvir as partes envolvidas."
Marcos Antônio Corrêa (Ourinhos, SP)

Regina Casé
"Sobre o artigo da festa da MTV publicado segunda-feira (4/9) na coluna 'Ondas Curtas', do jornalista André Forastieri, é preciso atenção. Está na hora de parar de dar mole para estes neofascistinhas de estilo que ficam em casa detonando quem produz. Quanto à transmissão da festa, o rapaz tem todo o direito de não gostar. Mas deveria tomar cuidado para não deixar transparecer seus recalques, afinal o assunto era a festa. Se há algo de errado no Brasil e no mundo é a contínua exaltação de tudo o que é ruim. O incentivo à agressão como se isso fosse heróico. O que ele é? Jovem? Isso é que é 'jornalismo teen'? A Regina Casé é uma das maiores artistas do Brasil e é o antídoto necessário a baixo-astrais como esse."
Mari Stockler (São Paulo, SP)

Plano de saúde
"Já sabemos onde vai dar o plano de saúde do prefeito Maluf. Ele quer que o atendimento fique nas mãos de cooperativas. Para isso, chamou até o Getúlio Hanashiro, que já 'modernizou' os transportes municipais, ou seja: diminuiu o número de ônibus. E os que circulam na periferia não servem nem para sucata, o que nos obriga a conviver com as kombis que fazem lotação (isso antes era considerado de alto risco). No caso da saúde, vai haver tantos cadastrados fantasmas (como no INSS) que logo teremos dobrado a população de São Paulo. E como médico não é substituído por kombi, na hora do sufoco chamaremos o curandeiro."
Sérgio Gersósimo (São Paulo, SP)

Outra galáxia
"Sobre o artigo "Os gays e a visita do papa" (Folha, 6/9), acredito que a pobreza brasileira atinge seu ápice ao doutorar a ignorância estampada em agressões gratuitas a quem gratuitamente dá sua vida para o bem dos seres humanos. Sr. Luiz Mott, como chegaste ao doutoramento? Melhor seria retornar aos bancos escolares e recomeçar tudo, pois não entendeste nada das limitações do ser humano. Queres atitudes sem limites para pessoas limitadas. Que ser humano estudaste? Deve ser de outra galáxia."
Vitalino Grígolo (Jundiaí, SP)

Banespa
"Há alguns dias, antes mesmo de qualquer manifestação do Poder Judiciário, o Ministério Público levou aos órgãos de divulgação parte das razões do ajuizamento de ação civil pública contra um ex-governador, empresários e ex-diretores do Banespa, versando sobre operação de crédito entre o Banco do Estado de São Paulo S/A e Paraquímica S/A, o que promoveu um 'linchamento' dos nomes de homens honrados, também de meu nome, perante os leitores e a opinião pública. Algumas 'razões' do MP e os nomes foram publicados na Folha de 25/8. Totalmente favorável à livre informação, desde que se permita o contraditório, encaminho, preliminarmente, a informação de que votei os créditos concedidos à Paraquímica de forma absolutamente legal, baseado em pareceres técnicos, jurídicos e razões de aspecto social (saúde pública), provenientes das áreas encarregadas em propiciá-los ao Comitê de Crédito do Banespa. A investigação sobre o empréstimo iniciou-se pela ação de diversos ex-diretores do banco, ainda no curso das operações no final de 1992, e levou a uma auditoria por mim solicitada em 1993, para apurar se as exigências contidas nas aprovações estavam sendo cumpridas. Ao contrário do que alega o Ministério Público, as votações foram legais e os administradores não se omitiram na apuração de eventuais irregularidades. Mesmo assim cabe ao Poder Judiciário decidir sobre eventuais atos culposos ou dolosos e alegados prejuízos, mas sem danos à minha reputação pelo adiantamento de versões inexatas, que serão demolidas na Justiça, no momento processual apropriado."
Joaquim Carlos Del Bosco Amaral (Santos, SP)

Sonho
"O melhor da festa é esperar por ela. Um sonho bom vale séculos de realidade. Jogo semanalmente na Supersena, na Sena e em outras loterias, mas até hoje não lucrei coisa nenhuma. Porém, não me abato. Na verdade, não jogo para abocanhar o prêmio maior. Jogo para sonhar com ele por alguns dias. Pio 12, de saudosa memória, dizia: 'Precisamos de relax, porque o homem não é só profundidade, mas também superficialidade'."
Sebastião Braga (Araxá, MG)

César Maia
"Prefeito César Maia, não foi o discurso dos direitos humanos que levou o Rio a esta situação desgraçada, e sim a falta dos direitos humanos. O fenômeno é simples: a miséria do morro está descendo para o asfalto, como previu o nosso cartunista maior Henfil em muitas de suas saudosas charges."
Gilberto A. Giusepone (São Paulo, SP)

"Eu, simples cidadão da cidade do Rio de Janeiro, que procuro cumprir minhas tarefas diárias em meio ao caos instalado na cidade pelas obras do projeto Rio-Cidade, digo ao prefeito, que afirma ter medo do Rio, que a cidade e os cidadãos do Rio também têm medo de César Maia. Peço a todos que na próxima oportunidade expulsemos César Maia das manchetes dos jornais bem como qualquer um de seus orgulhosos filhotes."
Claudio Heitor Tavares Gress (Rio de Janeiro, RJ)

Desaparecidos
"Em entrevista publicada pela Folha em 4/9, o general Alberto Cardoso manifestou-se contrariamente à apuração das circunstâncias em que ocorreram mortes de dissidentes políticos, afirmando que isso poderia pôr em xeque o nome da instituição Forças Armadas. Partindo do princípio de que as instituições se identificam por conjuntos de normas de conduta destinadas a finalidades expressamente previstas, podemos concluir que a ação de pessoas pertencentes a instituições, se destoantes dessas normas, não as comprometem. Portanto, a apuração dos fatos, se averiguar conduta irregular por parte de militares, não atingirá a integridade das Forças Armadas mas, pelo contrário, tornará nítido o descompasso entre ela e as instituições militares, contribuindo para a incolumidade de sua imagem."
Ivo S. Sooma (Umuarama, PR)

Gramática
"A respeito da nota 'Concordância', publicada dia 5/9 no 'Painel do Leitor', em que o sr. Adilson Laranjeira pretende justificar seu erro recorrendo à figura da silepse, afirmo que não me faltariam argumentos para atacar o governo do sr. Paulo Maluf. Não é o caso, todavia. Insurgi-me contra o mau uso da língua por um de seus súcubos, apenas, e não pretendo polemizar a respeito -aliás, a questão é cristalina e não comporta polêmica. Para que ocorresse a alegada silepse de número -que meu professor ginasiano chamava de 'valhacouto dos ignaros'- seria necessário que um dos termos da frase estivesse no singular ou ao menos o sugerisse, o que não é absolutamente o caso. O outro 'exemplo' oferecido pelo sr. Laranjeira fornece a prova cabal de sua ignorância do idioma: a frase '80% dos paulistanos apóia (sic) o prefeito Paulo Maluf' também não é um caso de silepse, mas de ignorância pura e simples. 'Se o sujeito-porcentagem vem acompanhado do partitivo, o verbo concorda com o partitivo: 'Um por cento dos políticos são honestos' (Josué Machado, em 'Manual da Falta de Estilo', cuja leitura recomendo ao sr. Laranjeira, mais pela falta do que pelo estilo)."
Alfredo Spínola de Mello Neto (São Paulo, SP)

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