São Paulo, sábado, 9 de setembro de 1995
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Família compra móveis com verba de projeto

ROBERTO CARDINALLI
DA FOLHA SUDESTE

Famílias cadastradas no programa de renda mínima adotado desde março pela Prefeitura de Campinas (99 km a noroeste de São Paulo) usam o dinheiro do benefício para adquirir eletrodomésticos, equipamentos de som e móveis.
O programa foi concebido para ajudar famílias carentes a garantir suas necessidades básicas e evitar a presença de meninos pedintes nas ruas do município.
O projeto prevê uma complementação para famílias que não consigam atingir uma arrecadação mensal de R$ 35 por pessoa.
A família inscrita é obrigada a comprovar residência mínima de dois anos em Campinas completados até janeiro deste ano -data da publicação da lei-, manter filhos menores de 14 anos em escolas e participar dos programas sociais.
Lúcia Pereira de Souza, 35, comprou no mês passado um equipamento de som com o dinheiro do programa de renda mínima. Ela pagou à vista pelo aparelho R$ 185, o que corresponde a 88% de seu recebimento mensal.
O renda mínima é sua única receita. Com os R$ 25 restantes, comprou comida para os seis filhos. Lúcia está no programa desde março. Com o dinheiro, conseguiu, em cinco meses, comprar uma TV, um ventilador, um botijão de gás e aumentar um cômodo no barraco onde mora no Jardim Campineiro, zona norte. "Agora estou procurando uma geladeira."
Para Iolanda Dias da Silva, assistente social da prefeitura que acompanha as famílias, a melhora da condição de vida com a compra de utensílios domésticos faz com que a família fique mais agregada.
"A TV, por exemplo, ajuda a manter o filho em casa", afirma.
Segundo ela, a aquisição de aparelhos ajuda a montar a estrutura do barraco. "Essas famílias também têm de ter um pouco de conforto. Isso dá moral ao grupo."
Dorcília Marques Barcelos, 44, utilizou os R$ 55 que ganha por mês da prefeitura para pagar a prestação de um tanque de lavar roupa elétrico no valor de R$ 37.
Foram quatro parcelas. No mês passado, comprou um ferro elétrico de R$ 21. As despesas com comida e com a casa ficam por conta de uma receita mensal de R$ 90 do marido, Gabriel Barcelos, que é ajudante de caminhoneiro.
Maria Ferreira Dias, 30, aguarda a entrega de um guarda-roupa e de um beliche comprados com o dinheiro do renda mínima. São R$ 85 por mês.

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