São Paulo, domingo, 10 de setembro de 1995
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Governo privatiza 36 empresas desde 90

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Sobram 24, incluindo 12 do setor petroquímico (participações minoritárias da Petroquisa), que deveriam ter sido vendidas até setembro do ano passado, mas que tiveram seus leilões suspensos pelo ex-presidente da República Itamar Franco. Em 1990, foram catalogadas 176 empresas estatais da União.
No total, o programa de privatização arrecadou até agora US$ 9,24 bilhões. A diferença entre o número acima e este é representada por US$ 395,5 milhões obtidos com vendas de participações minoritárias de estatais, basicamente da BNDESpar (BNDES Participações), nos capitais de empresas.
Nos futuros leilões o governo deve elevar as exigências de dinheiro vivo no negócio.
A última empresa estatal privatizada, em 11 de julho passado, foi a Escelsa, que opera eletricidade no Espírito Santo. O processo de venda dessa empresa teve início em junho de 92.
Para o economista José Júlio Senna, ex-diretor do Banco Central e atual superintendente executivo do Banco Graphus -um dos mais ativos nas privatizações-, "não há dúvida de que o ritmo do programa é excessivamente lento".
Senna disse que entende o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), gestor do programa de privatização, quando ele argumenta que o programa está com a velocidade tecnicamente possível.
Essa foi a linha da defesa feita pela diretora do banco para a área de privatização, Elena Landau, em artigo publicado na Folha domingo passado. O trabalho é considerado pelos técnicos do BNDES a palavra final do banco sobre o assunto.
Para Senna, é normal que a pessoa que está encarregada de executar o programa não o ataque. Mas, para ele, "quando a convicção é elevada não há dificuldade técnica que atrapalhe".
O economista e ex-ministro Mário Henrique Simonsen não chega a dizer que o programa está lento, mas enfatiza que o governo não pode retardar as privatizações.
Para Simonsen, as estatais, incluindo as mais eficientes, rendem em média para o governo 0,5% do capital que ele tem investido nelas.
Daí, Simonsen conclui que o melhor negócio é vender essas empresas o mais depressa possível para, com o dinheiro apurado, abater a dívida pública federal, que custa em juros muito mais que esse rendimento.
Governo convencido
Para Paulo Pinho, diretor do Banco Primus, "o governo está consciente da necessidade de acelerar as privatizações". O Banco Primus é um dos líderes em intermediações de negócios nas privatizações.
Segundo Pinho, "o BNDES está trabalhando duro" no programa, e uma prova disso seria a rapidez com que se estaria conseguindo colocar em oferta os primeiros ramais da Rede Ferroviária Federal. A intenção do governo é vender o primeiro deles ainda neste ano.
Para Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho, diretor do Banco Cindam, "o desejo de privatizar rápido é fundamental para o país equilibrar as contas públicas e concluir as reformas estruturais".
Ele entende que o programa de privatização "não está lento, mas poderia ser mais intensificado, especialmente na área de infra-estrutura".
Ele pediu também "mais ímpeto" para privatizar as empresas de telecomunicação.

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