São Paulo, domingo, 10 de setembro de 1995
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Clubes têm que aproveitar emissoras de TVs para faturar

TELÊ SANTANA

Diferentemente do que muitos meios de comunicação estão dizendo, não estou completando hoje cinco anos como técnico do São Paulo. Só vou completar cinco anos no dia 10 de outubro.
Hoje, no entanto, uma emissora de rádio fará uma enquete junto ao são-paulino para saber se a maioria quer que eu continue comandando o time ou não.
De tempos em tempos, acho válido fazer uma pesquisa de opinião pública. Não sou eterno, nem apegado ao cargo. Recentemente, alguns ex-diretores quiseram me tirar, sem sucesso.
Sinto que tenho o respaldo da torcida. Em vários jogos eu fui ovacionado pelos torcedores, numa demonstração de respeito e confiança. É algo muito raro no futebol brasileiro, que está acostumado a responsabilizar o técnico por tudo de errado que acontece.
No São Paulo, acreditam no trabalho, na dedicação, na seriedade. Com uma mentalidade assim, conquistamos uma série de títulos nos últimos anos, dos quais o bi na Libertadores e o bi Mundial, em Tóquio, no Japão, foram os principais.
Na ocasião da conquista no Japão, inclusive, chegaram a louvar o presidente do clube, na época, como se ele tivesse ajudado muito. Poucos sabiam que ele mais atrapalhou do que ajudou. A diretoria, no entanto, teve papel importante.
Alguns dizem que o São Paulo deve muito a mim, mas eu também devo muito ao São Paulo. Eu posso dizer que, no São Paulo, passei os melhores anos da minha carreira como técnico. Treinei muitos jogadores, pude formar diversos atletas, recuperar vários outros...
O trabalho de base no São Paulo é muito bem-feito. Nossa equipe principal, que conta com vários jogadores novos, mesclados com alguns mais experientes, tem condições de evoluir.
Hoje, contra o Vasco, teremos um teste importante, às 19h, mais um novo horário para jogos no futebol brasileiro.
Como os clubes do Brasil atravessam situação financeira crítica, eles têm que aproveitar as emissoras de televisão para faturar receitas adicionais.
O futebol está se modificando. Eu diria que estamos caminhando para partidas em estádios pequenos, mas com muitos torcedores assistindo, em casa, pela TV, tomando uma cerveja. A violência e o preço dos ingressos levam a esta situação.
Mas, com todas estas modificações, continuo acreditando que uma equipe, para ser bem-sucedida, precisa de muito trabalho, seriedade e dedicação. É o que peço aos jogadores do São Paulo e é o exemplo que procuro dar a eles.

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