São Paulo, domingo, 10 de setembro de 1995
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Crianças; Pedágio; Jogos à noite; Discriminação; Valor pessoal; Desaparecidos; Plano de saúde; Teste nuclear; Casuísmo; Japão

Crianças
"Os senhores FHC e Mário Covas estão solidários com o Projeto Axé, da Bahia, que passa por dificuldades. É por essa razão que o primeiro estará em São Paulo na segunda-feira para assistir a um show (Folha, 'Painel' de 8/9). Espero que suas excelências também se solidarizem com as crianças de São Paulo, vítimas de uma ação desumana do prefeito Maluf, que cortou 20% das verbas das creches conveniadas e desde 27 de janeiro de 93 promete um programa para meninos de rua, que não sai do papel. E que o sr. Covas promova melhorias para as crianças da Febem, que não estão em melhores condições."
José Eduardo Ramos Soares (São Paulo, SP)

Pedágio
"Paga-se pedágio para ter mais conforto e segurança nas estradas. No entanto, fica-se até quatro horas parado debaixo de um sol escaldante, numa desagradável situação de desconforto e de insegurança pessoal e da família, justamente para se pagar o dito cujo. E, ainda, se é obrigado a ouvir o conselho da Dersa: 'Usuário, escolha um momento mais favorável para a sua viagem'. Senhor, dai-me paciência!"
Luiz Antônio da Silva (São Paulo, SP)

Jogos à noite
"Para reverter a queda dos índices de audiência de sua programação dominical, a Rede Globo não pensou duas vezes: fixou o horário dos jogos do Brasileiro 95, por ela transmitidos, para as 19h de domingo. Os executivos globais com certeza não se sensibilizaram com a negação popular às suas artimanhas mercadológicas, constatadas domingo último, num Maracanã surpreendentemente vazio para um clássico da importância de Flamengo e Palmeiras. Visando atingir suas concorrentes, a emissora atingiu o futebol."
Mauro Passos (Florianópolis, SC)

Discriminação
"Em carta publicada na Folha de 27/8, o sr. Capotorto escreve que os nordestinos sujam São Paulo. Adoro São Paulo mais que Salvador, mas todos sabemos que não é a etnia que define a sujeira, o feio, o belo e outros valores filosóficos e sociológicos. O meu desejo seria ler o sr. Capotorto pregando pena de morte aos corruptos e corruptores. Aos que desfalcaram o Banespa, Coroa/Brastel, Econômico, Banerj e outras falcatruas que o Brasil já viveu. Não tenho ilusões da condição humana. A discriminação é inerente à espécie humana, como a violência."
Milton Dantas de Carvalho (Salvador, BA)

Valor pessoal
"No 'Painel do Leitor' de 8/9, o sr. Vitalino Grigolo duvidou da capacidade intelectual do professor Luiz Mott. Como docente e pesquisadora, faço questão de ressaltar os reconhecidos méritos do professor Mott, um pioneiro entre nós no estudo da etno-história e um dos maiores conhecedores, aqui e em Portugal, dos arquivos da inquisição portuguesa. Toda a comunidade científica reconhece no professor Mott um intelectual que obteve seu doutorado por indiscutível valor pessoal."
Laura de Mello e Souza (São Paulo, SP)

"Na coluna 'Tendências/Debates', sob o título 'Os gays e a visita do papa', o sr. Luiz Mott, no desejo de defender sua posição sexual e a entidade que representa (a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis), destila amargura, ódio e preconceito sobre quem não comunga com suas idéias. Creio que, dessa maneira, se ele pudesse fazer uma nova santa inquisição, certamente colocaria para ser queimado o papa, d. Eugênio Salles e todas as pessoas que não concordam com ele. É lamentável também que consiga distorcer os textos bíblicos a seu favor. Dentro do respeito ao ser humano, aceito pessoas com posições diferentes da heterossexual, mas como psicólogo e sexólogo, recebo em meu consultório pacientes que pedem ajuda por terem essas posições sexuais diferentes, logo, concluo que não são saudáveis a todos, emocionalmente e psicologicamente."
Guilherme Falcão (Curitiba, PR)

Desaparecidos
"A Folha publicou declarações do almirante Mauro César Pereira, ministro da Marinha, que bem traduzem a mentalidade ainda dominante nas Forças Armadas brasileiras. É realmente estarrecedor e triste como uma autoridade tem a desfaçatez de afirmar que houve uma guerra ideológica e quem participou dos combates 'sabia que podia se machucar'. Acontece que realmente a maioria dos mortos e desaparecidos políticos não morreu em combate! Como ex-integrante do Comitê Brasileiro da Anistia e do Tortura Nunca Mais, tenho a consciência de que a maioria dos mortos e desaparecidos políticos morreu sob tortura nos centros clandestinos (Fazenda 31 de Março, Casa de Petrópolis etc.) ou nos porões do inferno do Cisa, do Cenimar, do CIE e dos DOI-Codi."
Rubim Santos Leão de Aquino (Rio de Janeiro, RJ)

"Causou-me profundo desencanto a foto da sra. Eunice Paiva cumprimentando, sorridente, o general Alberto Cardoso, chefe da Casa Militar da Presidência da República (Folha, 3/9). A viúva do deputado Rubens Paiva encerra, melancolicamente, uma luta de tantos anos, que ela soube encaminhar com firmeza, obstinação e altaneira. Não que o general Alberto Cardoso tenha participado dos anos de chumbo ou que tenha sido responsável direto pela desgraça do deputado. Mas é que o general, como a sra. Eunice, são dois símbolos: ele, da intolerância, dos desmandos, da opressão e da permanente violação dos direitos humanos durante a ditadura fardada; ela, do sofrimento e da luta para que esse passado infame não tenha mais vez em nosso país."
Elisabeto Ribeiro Gonçalves (Belo Horizonte, MG)

Plano de saúde
"A aprovação, em primeira votação, do PAS pela Câmara dos Vereadores de São Paulo é um profundo desserviço à saúde pública e à democracia. O atual governo municipal se acredita investido, pela sua eleição, de especial poder que o torna um 'déspota esclarecido' por quatro anos. O caso PAS é exemplo nítido. Projeto de gabinete, foi tecnicamente contestado por várias entidades ligadas à saúde. Manifestações da população foram sistematicamente ignoradas. Em tempos de promiscuidade entre público e privado, quer se encobrir o fato de que o 'bem comum' só é alcançado mediante uma democracia efetivamente participativa."
Klaus Brüschke, do Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo (São Paulo, SP)

Teste nuclear
"Notícias do teste nuclear francês nos atóis, sob o protesto da maioria dos habitantes do planeta, leva-nos a refletir sobre o direito de um governo de uma minoria populacional da Terra abrir-lhe feridas, com o objetivo de desenvolver armas que abrirão ainda mais feridas no planeta e na alma de todos. A ONU perdeu uma oportunidade de tornar-se, finalmente, um organismo mundial com algum resultado prático em sua vasta experiência como mera coadjuvante nas decisões globais. Poderia ter se movimentado, impedindo os testes, mesmo que, no extremo, usando sua força militar de paz."
Joel P. Bastos e Silva (São Paulo, SP)

Casuísmo
"Acredito que não seja mesmo fácil desmontar a parafernália fiscal acumulada por tantos anos. Mas, infelizmente, não posso acreditar em casuísmos, e o que estou percebendo é um imenso casuísmo no que se refere à prorrogação do Fundo Social de Emergência e à instituição da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira. Há enorme trabalho no âmbito da saúde a ser concretizado antes de se lançar mão de um imposto indiscriminatório."
Rogerio Igel (São Paulo, SP)

Japão
"Foi com imensa satisfação que lemos no caderno Turismo (7/9) as magníficas matérias sobre o Japão. Vimos agradecer mais essa inestimável colaboração da Folha na divulgação do turismo japonês e esperamos continuar contando com esse apoio."
Hidenao Takizawa, diretor-presidente da Associação Nacional de Turismo Japonês (São Paulo, SP)

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