São Paulo, domingo, 10 de setembro de 1995 |
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Revisionismo de "Decadência" quer aliados
SÉRGIO DÁVILA
O programa serve à tentativa que a emissora vem fazendo desde "Anos Rebeldes", passando por "Contagem Regressiva", de apagar a imagem de aliada do regime militar, aliada de Collor, aliada de qualquer governo. Nessa linha de revisionismo histórico -com direito até a "gumpismos-, é notável que, logo no primeiro capítulo, "Decadência" tenha mostrado com fartura de imagens o histórico comício da Candelária pelas Diretas Já. (O mesmo comício que, na época, a Globo registrou com muita economia e depois de vacilar até a última hora.) Quanto às insinuações, a mensagem da Globo à sociedade é a seguinte: "Fiquem conosco, pois a ameaça do fanatismo moralista é pior". Ironia das ironias, a estréia faz pensar que, no terreno dos exorcismos, a emissora não está atrás da Record. Também faz os seus, expurga os incômodos fantasmas. Claro que com muito mais elegância. A cena mais emblemática foi o sexo entre Edson Celulari e Adriana Esteves. Os pés entrelaçados, com a "Bíblia" em primeiro plano, fazem um interessante comentário sobre o que está em jogo. A luta entre liberdade e censura, entre liberdade e moralismo obscurantista. Mas a Globo não é de ferro, como sempre se pensou. Além de um quase "mea culpa lido por Celulari no início do capítulo, em que a emissora se eximia de qualquer provocação, "Decadência" não exibiu nenhum seio. Nenhuma genitália desnuda. Texto Anterior: Fica o seco, segue uma brasileira Índice |
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