São Paulo, domingo, 10 de setembro de 1995
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Universal diz que "não dá outra face"

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma publicação oficial da arquidiocese paulistana descreverá as relações tensas entre Record e católicos.
É o guia "Como Falar com os Meios de Comunicação da Igreja em São Paulo". "Vamos lançá-lo no próximo dia 1º de dezembro", diz o monsenhor Arnaldo Beltrami.
A publicação pretende comemorar os 250 anos da arquidiocese. Em 40 páginas, irá enumerar todas as rádios, editoras, livrarias, revistas e jornais católicos do país.
Também reservará um capítulo para a televisão. Ou melhor, para analisar o tratamento que a Igreja vêm recebendo das grandes redes brasileiras.
O TV Folha obteve, em primeira mão, o trecho relativo à Record.
Depois de contar como a emissora surgiu, o guia relembra a homenagem que d. Paulo Evaristo Arns recebeu durante encontro com os sem-terra há três anos.
"A equipe de reportagem da Record gravou a reunião, mas sempre com a iluminação e o equipamento atrás do cardeal para que ele não aparecesse", relata o texto.
"Na hora da homenagem, o câmera parou de operar e as luzes se apagaram, numa exclusão chocante e censura evidente à imagem do cardeal-arcebispo de São Paulo na TV da Igreja Universal do Reino de Deus."
O último parágrafo do texto usa adjetivos ainda mais duros: "A rádio e a televisão Record são as únicas emissoras que não fazem parte do cadastro da nossa Rede de Comunicadores para os releases (boletins informativos) constantes. Porque eles é que nos excluíram de forma indelicada, autoritária e explícita."
Palavrão
"Nunca provocamos ninguém", insiste Demerval Gonçalves, diretor da Record. "Mas queremos crescer. Sempre que tentarem nos impedir, reagiremos à altura. Se nos derem um chute na canela, responderemos pelo menos com um palavrão. Não tem essa de oferecer a outra face."
Seguindo tal filosofia, a emissora transmitiu na última segunda-feira um debate de quase duas horas sobre as Organizações Globo. Era a resposta da Igreja Universal à minissérie "Decadência", que estreou terça-feira.
O programa "25ª Hora" promoveu a discussão. Sem rodeios, os debatedores desfiaram uma série de ataques à emissora concorrente.
Disseram, por exemplo, que a Globo "está a serviço da desinformação", "tem uma capacidade corruptiva que influencia inclusive o Congresso Nacional", "quer denegrir a família brasileira" e "fez uma opção descarada e deslavada" pelo catolicismo.

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