São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 1995
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'Trata-se de um trabalho intelectual'

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

O ex-ministro Henrique Hargreaves considera totalmente compatível com sua função de presidente da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), o serviço de consultoria que presta ao Sebrae. "Não há nenhum conflito de interesses, seja de ordem ética ou legal", disse ele em entrevista à Folha na Cidade do México.
Na opinião de Hargreaves, a remuneração de R$ 23 mil mensais que recebe pela consultoria é justa. O ex-ministro explicou que esse não é o seu salário mensal, mas sim o valor total do contrato.
"Nessa quantia, está incluída a remuneração das cinco pessoas que trabalham comigo no projeto", disse o presidente da ECT.
"Trata-se de um trabalho intelectual, que eu faço depois do meu trabalho no Correio", explicou o ex-ministro, que está no México participando do Congresso de União Postal das Américas, Espanha e Portugal.

Folha - O sr. poderia especificar melhor o serviço prestado para o Sebrae?
Henrique Hargreaves - É um trabalho de consultoria sobre as atividades do Congresso, que eu faço extra, ou seja depois do meu trabalho no Correio.
Vou explicar a história desde o início. Quando saí do governo, fui procurado por muitos grupos empresariais para dar esse tipo de assessoria técnica. Não aceitei porque considerava imcompatível com o meu cargo na ECT.
Como presidente do Correio, não podia representar grupos empresariais. Quando o Sebrae me contatou, foi diferente. O Sebrae é um órgão 50% do governo.
Folha - O sr. quer dizer que não há conflito interesses do ponto de vista ético?
Hargreaves - Exatamente. De fato, não há nenhum conflito de interesses. É preciso deixar claro que não sou mais funcionário público.
Também não há problema ético ou moral, porque não há nenhuma vinculação do serviço prestado com o governo ou com o Correio.
Folha - Mas o seu trabalho no Correio permite que o sr. tenha tempo hábil para a consultoria?
Hargreaves - Claro que sim. Não há nenhuma cláusula no contrato que me obrigue a dar expediente no próprio Sebrae. Além do mais, trata-se de um trabalho intelectual, que me permite organizar meu tempo da maneira que eu considere mais conveniente.
Hargreaves - Não há necessidade de entregar relatórios por escrito. Tenho um grupo de pessoas que me ajudam no trabalho de campo, pois eu não posso fazer esse trabalho no Congresso.
O Sr. considera a remuneração de R$ 23 mil mensais justa?
Hargreaves - Acredito que seja o preço de mercado. Gostaria de esclarecer que esse não é o meu salário, mas sim o valor mensal do contrato de consultoria, ou seja, nessa quantia está incluida também a remuneração das cinco pessoas que me assessoram no trabalho. Quando eu saí do governo recebi inclusive propostas muito melhores em termos financeiros, que não aceitei porque não considerava compatíveis com minha função.

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