São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 1995
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Área do buraco de ozônio bate recorde

DA REPORTAGEM LOCAL; DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O "buraco" na camada de ozônio sobre o continente antártico dobrou seu tamanho, se comparado ao buraco do ano passado.
A informação foi divulgada ontem pela OMM (Organização Meteorológica Mundial), com sede em Genebra (Suíça). O órgão disse que o crescimento foi observado nos últimos três meses.
O ozônio é encontrado em grandes quantidades nas altas camadas da atmosfera, onde funciona como filtro contra os raios ultravioletas do Sol, nocivos a várias formas de vida na superfície do planeta.
Os raios ultravioletas podem causar de câncer de pele em seres humanos e podem destruir grandes áreas de plantação.
Segundo a OMM, esse aumento no tamanho do buraco foi o mais rápido já registrado. Hoje ele está com 10 milhões de quilômetros quadrados de área, equivalente, por exemplo, a todo o continente europeu. O registro está 35% abaixo das últimas medidas e 10% inferior às de 1994.
Segundo Rumen Bojkov, secretário da Comissão Internacional de Ozônio, "o declínio da camada de ozônio ocorre todo ano e atinge seu ponto mais baixo em setembro e outubro, como tem sido padrão desde o início da década de 80".
A diferença foi que, neste ano, o declínio do ozônio começou no final de julho e continuou em agosto com uma redução inédita de 1% ao dia, segundo a OMM.
Volker Kirchhoff, chefe do Projeto Ozônio do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), explica que a redução nesses dois meses está relacionada ao período de Sol no continente antártico.
Segundo ele, o Sol favorece as reações entre o gás CFC (clorofluorcarbono) e o ozônio. A reação destrói o ozônio, e as substâncias resultantes não possuem sua capacidade protetora.
O pesquisador brasileiro explica que a reação é muito rápida, pois o Sol "detona" as reações químicas com o componentes que estavam adormecidas desde meses sem Sol.
"O buraco está em fase de aumento", disse Kirchhoff. Segundo ele, o buraco deve continuar existindo por "dezenas de anos, mesmo que parássemos agora toda a produção de CFC."
A Organização Meteorológica Mundial, uma agência das Nações Unidas, mantém bases na Antártida há 40 anos, de onde monitora a camada de ozônio.

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