São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 1995
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Empreiteiros propõem 'privatizar' obras paralisadas do governo de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

A Apeop (Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas) vai propor ao governo de São Paulo a "privatização" das construções paralisadas no Estado.
Cerca de 300 empreiteiros, a quem o governo paulista deve cerca de R$ 3 bilhões, se reúnem hoje na sede da Apeop para discutir as formas de resolver a crise no setor das obras estaduais.
No mesmo momento, no Palácio dos Bandeirantes, o governador Mário Covas (PSDB) fará uma reunião com sua equipe de secretários para anunciar o seu projeto de Orçamento do Estado para o próximo ano, que será enviado à Assembléia Legislativa.
Como o governador já avisou que não terá recursos para investir em obras, os empreiteiros pretendem convencer o governo a abrir o mercado de construções oficiais a parcerias com empresas.
Segundo a diretoria da Apeop, existe interesse da iniciativa privada em concluir as obras paralisadas em troca da exploração de serviços públicos.
Um dos exemplos citados pelos empreiteiros é o caso das rodovias estaduais. As empresas podem obter retorno financeiro com a cobrança de pedágio nas estradas.
"Queremos que o governo saia do imobilismo e inicie um amplo programa de privatizações e concessões", disse o presidente da Apeop, Paulo Godoy.
O pagamento dos débitos com as empreiteiras está atrasado desde o final do governo de Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB).
Além dessa proposta, os empreiteiros irão tentar negociar com o governo paulista o recebimento de uma parte da dívida em títulos estaduais (que praticamente têm o valor de moeda).
Levantamento feito pelos empreiteiros apresenta um número de 1.900 contratos de obras e serviços paralisados em São Paulo.
Os casos mais graves, segundo a Apeop, estão nas área de saúde, por conta de hospitais inacabados.

Rebelião
No encontro de hoje, que deve ter clima de "rebelião" contra o governador Mário Covas, os construtores irão apresentar um estudo sobre o impacto da falta de investimentos em obras no quadro de empregos.
Segundo os índices coletados pela Apeop, 10.379 pessoas foram demitidas somente neste ano por causa da crise no setor.
Além da pressão de empreiteiros, Covas enfrenta também a cobrança da bancada do PT. O deputado estadual petista Paulo Teixeira vai pedir ao Ministério Público que cobre do governo a lista com o nome de todas as empresas que receberam pagamentos do Estado neste ano.

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