São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Projeto do Senado ajuda Estados à revelia de FHC

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Senado prepara um projeto para refinanciar as dívidas dos Estados, de quase R$ 100 bilhões.
A proposta contraria a intenção do presidente Fernando Henrique Cardoso de negociar caso a caso um alívio para governadores que enfrentam crises financeiras.
A proposta em discussão no Senado prevê o aumento do prazo de pagamento da dívida em até dez anos a mais do que o previsto pela atual lei de refinanciamento da dívida -negociada por FHC quando era ministro da Fazenda.
Por essa lei, os débitos dos Estados deveriam ser quitados, em grande parte, até o ano 2003. Mas os governadores alegam que a dívida é "impagável".
Ontem, em telefonema ao relator do projeto, senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), o ministro Pedro Malan (Fazenda) insistiu em que a intenção do governo é manter a lei de rolagem das dívidas dos Estados sem mudanças.
"Isto não será possível", disse Bezerra. Ele informou ao ministro que há consenso no Senado para promover uma solução ampla para a crise financeira dos Estados.
O chamado "pacote" de renegociação das dívidas prevê um "socorro emergencial" para Estados como Alagoas e Mato Grosso, onde, há vários meses, falta dinheiro para pagar salários.
A idéia é conceder novos empréstimos para que esses Estados equilibrem as contas.
O "pacote" pretende reduzir drasticamente o percentual da receita dos Estados comprometidos atualmente com o pagamento da dívida. Hoje, esse percentual é de 11% e não inclui empréstimos obtidos com o aval dos Estados.
Nesse ponto, o "pacote" vai atingir a parcela de cerca de R$ 1,5 bilhão que entra no caixa da União por ano por conta do pagamento da dívida dos Estados. E como o percentual é definido por uma resolução do Senado, o governo não terá direito a veto.
A proposta será concluída em reunião secreta marcada para hoje com os secretários de Planejamento dos Estados na comissão de Economia e do encontro com governadores, na próxima semana.
Conduzida pelo PMDB, a renegociação da dívida já conta com o apoio dos governadores do PSDB, partido de FHC, incluídos na lista dos maiores devedores -São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
FHC recebeu ontem um diagnóstico com o perfil da dívida dos Estados e municípios, em reunião no Palácio do Planalto.
FHC tratou do assunto ontem com o governador do Rio, Marcello Alencar (PSDB), durante almoço. Ele anunciou que considera prioritário agora ajudar os Estados a achar uma saída para a dívida.
Alencar se reuniu ontem com parlamentares tucanos em Brasília. No encontro, ele criticou o PFL.

Texto Anterior: Everardo nega divergências
Próximo Texto: Quércia critica Sarney e apóia Paes
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.