São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 1995 |
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FHC diz continuar 'esquerdista'
DA REPORTAGEM LOCAL O presidente Fernando Henrique Cardoso disse à principal revista alemã "Der Spiegel" que ainda é um esquerdista.Em edição que chegou no último domingo às bancas alemãs, a publicação trouxe uma entrevista de duas páginas com FHC. O presidente brasileiro é apresentado como um sociólogo marxista que, após exílio no países vizinhos ao Brasil e na França, se tornou social-democrata. Quase ao final da conversa, a revista pergunta se ele continua a se considerar um esquerdista. "A esquerda tradicional está em crise, não somente na América Latina", responde FHC. Mas completa: "Justiça social, igualdade e liberdade ainda são temas progressistas, que permanecem sempre em discussão. Nesse sentido, eu me entendo ainda como esquerdista". Na entrevista, FHC afirma que a desigualdade social é o maior problema do Brasil. "Nenhum país pode se modernizar se não combater a injustiça social e a pobreza", afirma. A conversa passa por temas sobre os quais FHC sempre insiste: a necessidade de controle internacional para o capital especulativo (recursos estrangeiros aplicados no país apenas para obter rendimento rápido, sem preocupação com geração de empregos) e o reconhecimento de um novo papel para o Brasil no cenário internacional. Preocupado em construir uma nova imagem internacional, o presidente brasileiro tenta desenhar para os alemães um Brasil em transformação. Afirma, por exemplo, que a corrupção sistemática "caiu drasticamente" e que a estabilização da economia é o primeiro passo para um grande projeto de redistribuição de renda. Para combater a criminalidade, Fernando Henrique propõe uma total reforma do Judiciário. "Nosso sistema jurídico é cheio de regras e leis, que todos -inclusive o governo- ignoram. Os tribunais não funcionam, e quem tem dinheiro e bons advogados sempre escapa da Justiça. Nós estamos trabalhando em uma reforma total da Justiça", diz. Texto Anterior: Presidente inicia nova viagem à Europa Próximo Texto: Ruth vai à ópera, em Paris Índice |
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