São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 1995
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PREVISÍVEL MAS LEGAL

THALES DE MENEZES

Previsível, mas legal
E os deuses do tênis não aprontaram peça nos fãs. As duas mais do que esperadas finais do US Open acabaram acontecendo. Se o público gostou do resultado, isso já é outra coisa.
Muita coisa foi falada (até nesta coluna) sobre as dúvidas que poderiam rondar o encontro entre Monica Seles e Steffi Graf. De um lado, os dois anos de afastamento de Seles. Do outro, os problemas particulares de Graf, com seu pai preso na Alemanha, acusado de sonegar impostos.
Além disso, surgiu o agravamento dos problemas físicos de Graf, que arrasta há mais de uma temporada dores nas costas e uma contusão no pé esquerdo.
No entanto, a final do US Open acabou tendo um nível técnico primoroso. Descontado o segundo set (6/0 para Seles), no qual Graf sentiu dores e pediu a assistência de um médico, o jogo foi a melhor partida de tênis feminino desde 93.
Seles mostrou que continua dona de um toque preciso na bolinha, sabendo atacar o lado mais fraco da adversária com golpes de ângulos inacreditáveis.
Graf teve dificuldades enquanto tentou dar o troco na rival com bolas matadoras, mais rápidas.
A alemã só dominou quando optou por cruzar mais bolas e deslocar a adversária de um lado para outro. Ficou evidente que Seles precisa melhorar sua condição física para "cobrir" toda a quadra.
A final masculina reuniu os dois melhores, Agassi e Sampras, em um confronto norte-americano que alegrou a torcida e, principalmente, a Nike, patrocinadora dos dois.
A grande parte do público estava com Agassi. Seu treinador, Brad Gilbert, disse antes do jogo que sentia que o pupilo tinha, pela primeira vez, reais condições de vencer Sampras por 3 a 0. Opinião semelhante tinha Becker, eliminado por Agassi nas semifinais.
No domingo, Sampras liquidou qualquer pretensão do rival. Perdeu apenas um set, quando teve péssimo aproveitamento do primeiro saque (só acertou 43% nesse set). De um modo geral, Sampras sacou muito mal o jogo inteiro.
Sua vitória prova que um grande tenista pode vencer sem depender do saque, mesmo nesta época em que esse fundamento praticamente decide todas os jogos.
Vale lembrar também que o campeão bateu Agassi, o melhor devolvedor de saque em todo o circuito profissional. É que Sampras está ficando mais versátil, aumentando seu repertório de golpes.
Não ligue para a matemática do ranking. Sampras é o melhor.

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