São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 1995
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Kelly e Sinatra resistem a tudo

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

O filme "Marujos do Amor", exibido hoje pela Globo, à 0h20, é conhecido por ser um musical que mistura animação e atores, com Gene Kelly dançando ao lado do ratinho Jerry.
Rodado em 1945, parece ser isso o pouco que restou desse musical de George Sidney, geralmente descrito como um grande golpe de tédio.
Mas a questão que resta ao espectador, hoje, é tentar perceber o quanto de realmente aborrecido pode haver em qualquer coisa que foi tocada pelo gênio de Gene Kelly ou mesmo de Frank Sinatra, pouco eficaz na dança e, no entanto, ainda supremo com a voz.
Se "Marujos do Amor" é um filme que desde o seu início parecia estar condenado ao envelhecimento, bem diferentemente de tantos outros musicais, sua dupla de protagonistas parece correr exatamente em sentido contrário.
Kelly e Sinatra se comportam como se tivessem o direito, a todo momento, de ser melhores que o filme. A arte dos dois reside na agilidade alucinante, no caso do primeiro, ou na elegância quase agressiva do segundo.
O mundo dos musicais e as razões -ou insanidades- que o geraram parecem não ter mais espaço no cinema de hoje. Pessoas como Kelly e Sinatra, ao contrário, parecem precisar cada vez menos dos filmes. Eles dançam sobre todo o resto.

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