São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 1995 |
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Filme é fábula infantil aterrorizante
FERNANDA SCALZO
Produção: França, 1995 Direção: Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro Elenco: Ron Perlman, Daniel Emilfork, Dominique Pinon, Judith Vittet Estréia: sexta-feira "Ladrão de Sonhos" é impressionante sobretudo pelo mundo que cria e pelas fantasias infantis que ressuscita. Em francês, o filme se chama "A Cidade das Crianças Perdidas". Nessa cidade, as crianças desaparecem, raptadas pelos ciclopes (uma seita de cegos fanáticos). Eles as levam para Krank (Daniel Emilfork), um homem horroroso, superinteligente e que envelhece mais depressa do que os outros. Por quê? Porque não sonha. É daí que vem o título em português: Krank sequestra as crianças para roubar seus sonhos e não envelhecer. É uma fábula infantil. Krank vive numa plataforma marítima com sua mãe, Madame Bismuth (Mireille Mossé), seus seis irmãos clones (interpretados por Dominique Pinon) e seu tio Irvin, que não passa de um cérebro conservado em um aquário (a voz é de Jean-Louis Trintignant). Na cidade, vivem várias crianças no orfanato comandado pelas irmãs siamesas (são grudadas pelo pé), conhecidas como "o polvo". Elas (Geneviève Brunet e Odile Malet) ensinam as crianças a roubar e ficam com todos os lucros. São cruéis a não mais poder. Entre as crianças, uma menina de nove anos, Miette (Judith Vittet), vai ser a heroína. Junto com One (Ron Perlman), um ex-caçador de baleias grandão e sentimental, ela vai tentar descobrir o mistério dos sequestros. O irmãozinho de One, Denrée (Joseph Lucien), um menino de dois anos e apetite inesgotável, foi levado pelos ciclopes. One e Miette vão enfrentar juntos os ciclopes, as siamesas e a pulga de Marcello, um ex-domador de circo viciado em ópio. Sua pulga injeta na cabeça das personagens um veneno que as deixa loucas. Com exceção das crianças e sobretudo de Miette, as personagens são todas fisicamente horrorosas. Quem viu "Delicatessen" deve se lembrar do gosto pelo bizarro da dupla de diretores Jeunet e Caro. Jean-Paul Gaultier assina os figurinos do filme e ajuda a criar o ambiente retrô-futurista da cidade. Assim como Tim Burton, em "Edward, Mãos de Tesoura" ou em "O Estranho Mundo de Jack", os franceses Jeunet e Caro têm o grande mérito de criar um mundo que é uma mistura de diversas referências, mas diferente de tudo o que você já viu. São um espécie de Julio Verne do cinema. O enredo é de "Ladrão de Sonhos" é sentimental, ingênuo e aterrorizante, e às vezes se perde em tantas personagens e tantas cenas fantásticas. "Ladrão de Sonhos" será exibido amanhã, às 21h30, no Espaço Banco Nacional, em São Paulo. Texto Anterior: 'Ladrão de Sonhos' aposta nos efeitos Próximo Texto: Dominique Pinon tem sete papéis Índice |
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