São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 1995 |
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No free lunch Os acontecimentos de anteontem no Chile são uma prova de que todo e qualquer processo de estabilização econômica implica custos. A batalha campal que se travou em Santiago mostra que mesmo o Chile, considerado hoje o melhor modelo econômico para a América Latina, ainda paga esses custos. A abominável ditadura de Augusto Pinochet que massacrou milhares de opositores foi capaz, porém, ainda que "manu militari", de colocar o país numa rota de desenvolvimento econômico que hoje parece a mais acertada, ainda que o desemprego lá seja preocupante. O fato incontestável é que a estabilização tem um preço, e o Chile foi possivelmente o país que mais caro pagou -e ainda paga- por ela. Embora o país tenha sido redemocratizado, Pinochet ainda ocupa o posto de comando do Exército e tenta influenciar até mesmo sobre decisões do Poder Judiciário. A completa redemocratização do Chile ainda depende de Pinochet abandonar seu posto. No Brasil, paradoxalmente, o período de ditadura militar -muito menos selvagem que o chileno- não foi capaz da mesma proeza. Agora, aos poucos, o Brasil começa a vislumbrar uma economia estável. Mas todos estejam certos de que não se chegará a ela sem sacrifícios. Eles podem ser -e muito provavelmente serão- bastante inferiores aos que os chilenos vivenciaram. Mas uma coisa é certa, "there is no free lunch". Texto Anterior: Buraco negro Próximo Texto: Sinal vermelho Índice |
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