São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 1995 |
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Itamar diz a FHC que deixará embaixada
CLÓVIS ROSSI
"Ele ficará algum tempo e, depois, veremos", informou o próprio FHC aos jornalistas brasileiros que acompanham a sua visita oficial à Bélgica e à União Européia, iniciada ontem. O aviso de Itamar foi dado no ouvido de FHC, quando os dois se abraçaram no saguão do Hotel Conrad, em Bruxelas, no qual se hospeda a comitiva presidencial, da qual Itamar e sua namorada June Drummond fazem parte. O abraço era mais uma cena para fotografias. Itamar já havia se encontrado com o presidente no aeroporto militar de Melsbroek, onde Fernando Henrique Cardoso desembarcou pouco depois das 14h (9h em Brasília). Ruth Cardoso chegou a Bruxelas às 15h38 (10h38 em Brasília), pouco mais de uma hora após a chegada do marido. Ela veio de carro de Paris, acompanhada pelo embaixador brasileiro na capital francesa, Carlos Alberto Leite Barbosa. A renúncia à Embaixada em Portugal vai acabar se confundindo com o episódio Henrique Hargreaves, o presidente da empresa de Correios que, além do cargo oficial, recebe cerca de R$ 23 mil por serviço de consultoria ao Sebrae, um serviço de apoio à pequena e média empresa. Hargreaves é um dos mais importantes membros do clube de Juiz de Fora. Ou seja, do círculo íntimo de Itamar. Mas a Folha apurou que não há ligação alguma entre os dois episódios. O encontro com FHC na Europa foi solicitado pelo próprio Itamar, em telefonema para o Palácio do Planalto, há três semanas. "Já que você vem à Europa, poderíamos nos encontrar", sugeriu Itamar. O presidente respondeu que sim e sugeriu Bruxelas porque considera muito carregado o programa na Alemanha, a etapa seguinte da viagem presidencial. Já estava, portanto, tudo programado para que Itamar transmitisse pessoalmente a FHC o seu desejo de voltar ao Brasil, logo após a posse do novo presidente português no início de 1996. Ontem, FHC brincou: "1996 é longo prazo". E anunciou uma nova conversa com Itamar a respeito do assunto. Sem, no entanto, demonstrar especial empenho em demovê-lo da idéia de renunciar. O próprio Itamar desconversou quando indagado pelos jornalistas, ao deixar o Hotel Conrad ao lado de FHC para o jantar na casa do embaixador junto ao governo belga, Bernardo Pericás. Os jornalistas insistiram, mas Itamar ficou apenas olhando para eles, sem dizer uma única palavra, para desmentir ou confirmar. O jantar na casa do embaixador foi motivo da única saída de FHC do hotel em que se hospedou. O presidente chegou com olhos vermelhos, parecendo cansado depois das 11 horas de viagem. Texto Anterior: Candidatura Goldman não anima PMDB Próximo Texto: Relatório anual não traz dados brasileiros Índice |
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