São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 1995
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Confronto deixa 3 sem-terra feridos no MT

MYRIAN VIOLETA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Três trabalhadores sem-terra foram feridos na madrugada de ontem num confronto com patrulheiros da Polícia Rodoviária Federal de Mato Grosso. Um deles recebeu 18 tiros e foi levado, em estado grave, para o Hospital de Urgência de Goiânia.
Cerca de cem pessoas estavam acampadas desde segunda-feira na ponte sobre o rio das Mortes, na BR-158, pressionando pelo assentamento de 300 famílias na fazenda Santo Idelfonso, em Nova Xavantina (629 km de Cuiabá).
A fazenda, de 18 mil hectares, era a garantia em um empréstimo no Banco do Brasil. Há três anos, a dívida foi executada. Em leilão, a fazenda foi arrematada pelo BB.
Por volta de 2h40, 25 patrulheiros iniciaram uma operação para retirar os acampados, cumprindo ordens do superintendente Pedro Correa dos Santos.
Segundo a Polícia Rodoviária, os policiais teriam sido recebidos à bala, e o patrulheiro Ércio de Campos Duarte teria sido ferido na perna. Dois sem-terra presos pela Polícia Civil de Nova Xavantina disseram no depoimento que os policiais chegaram atirando.
Os policiais teriam gasto seis minutos para desocupar a ponte. O sem-terra Abadio Alves de Araújo recebeu 18 tiros, nas costas e no tórax, segundo laudo de hospital de Nova Xavantina.
Lúcio Pereira dos Santos levou um tiro nas costas e Raimundo Cardoso dos Santos foi atingido na perna. Ambos passam bem segundo funcionários do hospital.
Amélio Ribeiro da Silva, apontado como líder dos acampados, e Eurípedes Wellington de Jesus estão presos acusados de formação de quadrilha, incitação à violência e resistência à prisão. Silva está sendo acusado de sequestro.
Os sem-terra mantiveram como refém na segunda e terça-feira o secretário de gabinete do prefeito de Nova Xavantina, João Batista Vaz, e o radialista Nei Wellington. Eles foram libertados no meio da tarde de anteontem depois de quase 30 horas de cativeiro.
A liberação foi feita depois que o secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Aldemar Guirra, assinou um termo de compromisso com os acampados, pelo qual eles poderiam ficar na ponte até que uma solução fosse encontrada.

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