São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 1995
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Cela de bicheiro tem som e ar-condicionado

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Uma vistoria da Corregedoria de Polícia Civil e da Inspetoria-Geral da Secretaria da Segurança do Rio constatou que a carceragem da Polinter (Polícia Interestadual) "é igual a um hotel cinco estrelas". A comparação foi feita pelo corregedor Luiz Gonzaga Lima Costa.
Nas seis celas da carceragem especial estão presos os bicheiros Castor de Andrade, Aílton Guimarães Jorge -o Capitão Guimarães-, José Petrus -o Zinho- e Fernando Inácio, genro de Castor, além dos delegados Inaldo Santana e Paulo César Vieira.
"A cela do Castor mais parece uma suíte nupcial", disse o subcorregedor Mário Covas.
Além das mordomias que cercam os três bicheiros -celas equipadas com frigobar, TV, vídeo, aparelhagem de som com CD player, telefones celulares e ar-condicionado- a vistoria constatou que foram feitas reformas na carceragem, provavelmente patrocinadas pelos bicheiros.
"Há fortes indícios de que os bicheiros fizeram reformas na parte interna da carceragem, como colocação de novos pisos, azulejos e louça sanitária", afirmou o inspetor-geral Manoel Vidal.
Outra irregularidade constatada foi a equipagem da cozinha da carceragem com forno de microondas e freezer.
Na cela de Castor de Andrade, foi encontrado sobre sua mesa um cardápio formado por filé à parmegiana, frango grelhado com alho ralado e maionese, lasanha, filé aparado ao ponto e omelete.
Os inspetores desconfiam que a comida seria encomendada por telefone ou mesmo preparada na cozinha da carceragem.
Outra denúncia recebida diz respeito ao asfaltamento e iluminação de uma rua próximo à Polinter. Segundo a denúncia, as obras teriam sido patrocinadas pelos bicheiros.
A diretoria da Polinter alega, no entanto, que as obras foram pagas por uma empresa idônea, que fez as reformas como uma doação.
Embora tenham sido constatadas diversas irregularidades, nada foi apreendido. Nem mesmo os telefone celulares, que só tiveram seus números anotados.
A corregedoria vai abrir inquérito. Lima Costa afirmou que a vistoria foi feita com base em uma denúncia de três páginas enviada à Secretaria da Segurança.

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