São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 1995
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Estado quer que médicos ganhem por atendimento

LÚCIA MARTINS CLAUDIO AUGUSTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Saúde do Estado de São Paulo, José da Silva Guedes, quer vincular parte do salário dos médicos da rede pública à produtividade da categoria.
Os médicos receberiam um salário fixo do Estado e teriam uma renda complementar que deve variar de acordo com o número de atendimentos feitos por mês.
O modelo vai começar em caráter experimental, a partir do mês que vem, no Hospital Emílio Ribas (região central de SP).
Guedes disse que a experiência pode ser estendida aos hospitais Vila Penteado (zona oeste) e São Mateus (zona leste).
"Mas teremos que manter a qualidade criando critérios para avaliar a produção do profissional", disse o secretário.
Segundo ele, a chefia da unidade, com a ajuda de membros da comunidade, farão avaliações dos profissionais de saúde.
Ele negou que a idéia seja semelhante ao PAS (Plano de Atendimento à Saúde), projeto do prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPR), aprovado anteontem pela Câmara Municipal em segunda votação.
Segundo Guedes, o PAS é um sistema de "pré-pagamento". O profissional recebe antes e não há meios de avaliar a qualidade do serviço.
"Não tem sentido imaginar um médico atendendo mais de 30 pessoas por dia para aumentar sua produtividade. Não me interessa que o profissional atenda muita gente, mas que ele cumpra horário e atenda bem."
Para o secretário municipal de Saúde, Getúlio Hanashiro, o secretário estadual não está bem informado sobre o plano do prefeito Paulo Maluf (leia texto ao lado).
PAS
O PAS prevê a transferência da rede pública municipal de São Paulo para o controle de cooperativas formadas por médicos e funcionários licenciados da prefeitura.
As cooperativas receberão R$ 10,00 mensais por paciente cadastrado, independentemente do número de consultas realizadas. Os médicos que atenderem mais pacientes receberão mais.
Sindicato
O presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Tito Nery, disse que a categoria apóia a remuneração por produtividade.
"Não é pagamento por produção. Vamos controlar a qualidade, checando a taxa de infecção hospitalar e o índice de mortalidade infantil", disse Nery.
O sindicalista criticou o PAS, que -de acordo com ele- tira do poder público a responsabilidade de gerir a saúde.
"Essas cooperativas visam ao lucro", afirmou Nery.

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