São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 1995
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Nuvem de fuligem encobre área do Pará até São Paulo

MYRIAN VIOLETA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Uma nuvem de fuligem de 4 milhões de km2 resultante de queimadas se estende desde Belém (PA) até os limites do Estado de São Paulo.
A informação é do pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) Alberto Setzer. Ele integra uma equipe de estudos sobre a formação da nuvem, que, segundo afirmou, cobre ainda parte da Bolívia e do Paraguai.
O fenômeno também está sendo acompanhado por técnicos da Nasa (agência espacial norte-americana), que estão em Mato Grosso.
"Essa nuvem está funcionando como um guarda-sol e refletindo a radiação solar antes que chegue à superfície da Terra. O que isso está causando na atmosfera do planeta é o que pretendemos descobrir", afirmou Setzer.
As queimadas, provocadas por fazendeiros para limpar áreas a serem usadas em cultivo e na formação de pastagens destinadas à alimentação de gado, estão proibidas desde agosto em Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Satélite do Inpe registrou em 33.591 focos de queimadas no Mato Grosso em agosto deste ano contra 19.924 em agosto de 94. Na atmosfera de Cuiabá (MT), a concentração de partículas é cinco vezes maior que o permitido pela legislação brasileira.
Estudo da atmosfera da cidade coordenado pelo professor de física Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo, já quantificou 250 microgramas de partículas de fuligem por metro cúbico de ar em agosto e setembro, índice cinco vezes superior ao tolerável. "As partículas vêm principalmente das queimadas na região e são semelhantes à fuligem liberada por ônibus", disse Artaxo.
No maior hospital de Cuiabá, 19% dos casos atendidos em agosto foram de pacientes com problemas respiratórios.

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