São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 1995
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Locaute ameaça transporte de combustível

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os transportadores de combustíveis vão paralisar seus serviços a partir de amanhã se o governo não conceder um aumento de 70% no valor do frete.
A ameaça foi feita ontem durante reunião entre os transportadores e revendedores de combustíveis e a área de abastecimento do DNC (Departamento Nacional de Combustíveis).
Este locaute (greve patronal) é proibido pela legislação e atos deste tipo são considerados crimes de abuso do poder econômico. A paralisação cessaria a entrega de combustíveis para os postos.
A reposição de 70% no valor do frete, segundo as transportadoras, representaria um impacto de 1% no preço final dos combustíveis. Os revendedores querem que o aumento da margem de lucro bruta seja retirada das distribuidoras e não repassada ao consumidor.
Os revendedores reivindicam 28% de reposição na margem de lucro bruta (sem descontar impostos e despesas) e ameaçam demitir mais 40 mil dos 300 mil funcionários se não houver a recomposição dos preços, segundo o presidente da Federação Nacional do Comércio Varejista de Combustíveis, Luiz Gil Siuffo.
O presidente do Sindtanque (Sindicato dos Transportadores Autônomos de Combustíveis de São Paulo), José da Fonseca Lopes, disse que o setor não tem outra saída pois enfrenta uma crise com a defasagem do frete.
O Sindtanque possui 30 mil caminhões filiados, que são responsáveis pela entrega de 85% dos combustíveis que vão das distribuidoras aos postos. Segundo Lopes, 5.000 funcionários já foram demitidos desde o Real.
Amanhã, a diretoria do Sindtanque tentará uma reunião com o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Luiz Paulo Velloso Lucas. A equipe econômica, segundo Lopes, reconhece que o frete tem uma defasagem de preço de 58%, mas não acena com aumento de preços.
Siuffo disse que as distribuidoras foram beneficiadas pelo ex-secretário José Milton Dallari e pelo ex-diretor do DNC Paulo Motoki.
Dallari pediu demissão do cargo após a revelação de sua sociedade em uma empresa de consultoria. O ex-presidente do DNC também pediu demissão depois de admitir que tinha como consultor informal o amigo Fernando Grandinetti, lobista da Shell em Brasília.
Os revendedores afirmam que já demitiram 80 funcionários desde o Real e 10% dos postos fecharam por falta de recursos para comprar combustível.
O diretor do DNC Ricardo Pinto Pinheiro e o ministro de Minas e Energia, Raimundo Brito, foram procurados pela Folha mas não retornaram as ligações.
O acordo do setor de combustíveis antes da saída de Dallari previa um aumento nos preços dos combustíveis no final de setembro.

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