São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 1995
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Califórnia venceu pelo clima

DO "LE MONDE"

A a 1ª Guerra Mundial, e uma série de invernos rigorosos, aliados à escassez de carvão prejudicaram a atividade dos estúdios. Alguns deles começam aos poucos a instalar-se sob o sol da Califórnia.
As duas costas se mantêm mais ou menos em pé de igualdade em matéria de produção cinematográfica, até o inverno de 1918, quando não se encontra mais carvão algum em Nova York.
Na Califórnia, não apenas faz calor, como o clima é regular, previsível, menos instável do que na "Grande Maçã". Acontece que o tempo -sobretudo os contratempos- custa caro no cinema.
E, por falar em dinheiro, havia outro fator que favorecia a Califórnia: os sindicatos eram praticamente inexistentes, ao contrário de Nova York, onde eram muito fortes. A mão-de-obra era barata.
Mesmo os apaixonados por Nova York não podem negar que Los Angeles ganhou a guerra bastante cedo, por dispor de mais espaço, mais dinheiro, mais estrelas.
A imprensa de Hollywood se mostrava falsamente preocupada, indagando: o que aconteceu com Nova York? A "Grande Maçã" não apenas naufragou econômica e culturalmente -ela é simplesmente inútil à nação.
No final dos anos 30, a Paramount e a Fox tinham estúdios em Nova York que produziam 40% dos filmes americanos. Os produtores não queriam se distanciar demais da Broadway, onde viviam e trabalhavam os atores importantes.
Na verdade tudo mudou a partir do momento em que Elia Kazan foi filmar "Sindicato de Ladrões" (1954) em Hoboken, às margens do rio Hudson, em frente ao Soho. Seu cameraman de origem russa, Boris Kaufman, irmão de Dziga Vertov e operador de Jean Vigo, não podia trabalhar na Califórnia, porque não era sindicalizado.

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