São Paulo, sábado, 16 de setembro de 1995
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Congresso passa sem-terra por detector de metais

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Trezentos sem-terra que foram a Brasília pedir a reforma agrária e a paz no campo, foram obrigados a passar por uma revista com direito a detector de metais no Congresso.
O Congresso não costuma revistar visitantes e funcionários, apesar de autorizado a fazê-lo.
Os sem-terra tiveram bolsas e sacolas abertas por seguranças da Câmara e o corpo apalpado.
A programação dos sem-terra começou às 10h com uma sessão na Câmara. Depois, foram para o Senado. No caminho, cantaram. "Vamos ocupar aquela terra/ De lá não vamos sair/ Nosso lema é ocupar, resistir e produzir", dizia o "hino dos sem-terra".
Os músicos tocaram para Luís Inácio Lula da Silva, ex-presidente do PT, no Senado. Lula acompanhou o ritmo da música.
Apesar de almoço não estar previsto, o PT resolveu levar os sem-terra ao bandejão da Câmara, e prometeu pagar a conta de R$ 565, o que não fez até as 15h30.
A exibição de um vídeo com depoimentos de sobreviventes da chacina que matou dez trabalhadores rurais em Corumbiara (RO) deixou chocados os sem-terra.
A chacina aconteceu no dia 9 de agosto. No vídeo, os sobreviventes relataram o massacre e acusaram policiais militares de assassinato e tortura. Após a exibição, de 15 minutos, o auditório Petrônio Portella, no Senado, ficou em silêncio.

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