São Paulo, sábado, 16 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para Malan, Brasil talvez tenha "bancos demais"

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem que o Brasil talvez tenha bancos demais.
A afirmação foi feita, em inglês ("a little overbanked"), a uma platéia de empresários belgas reunidos na sede da Federação de Empresas Belgas, no centro de Bruxelas.
O ministro, que chegou ontem para se juntar à comitiva do presidente Fernando Henrique Cardoso, disse também que "talvez tenha que haver fusões" (no sistema financeiro).
As declarações foram feitas em resposta a um empresário que levantou a questão dos "bancos em dificuldades" no Brasil, citando o Econômico, o Banespa "e outros".
Malan garantiu que o caso do Econômico era "uma situação especial" e que o sistema como um todo era "sólido".
Mas afirmou também que, desde 1993, quando FHC era ministro da Fazenda, o governo vem avisando os bancos de que eles teriam que se ajustar.
O ajuste, disse Malan, seria necessário para quando a inflação se reduzisse e os bancos perdessem a renda inflacionária. "Alguns bancos tinham 30% de sua receita total decorrentes da renda inflacionária", disse.
O ministro repetiu, ao empresariado, o que já dissera no Brasil antes de viajar, ou seja, que o governo prepara uma nova legislação para dar ao Banco Central capacidade de intervir mais cedo em caso de dificuldades em alguma instituição financeira.
Malan desenhou aos empresários um cenário ambicioso a respeito das intenções do governo.
Disse que desejava crescimento sustentável, com inflação baixa e políticas sociais não populistas e ainda por cima no regime democrático. "Talvez seja pedir demais", admitiu.
Aos jornalistas brasileiros que o cercaram após a palestra, Malan voltou a dizer que o Brasil não está em recessão.
Afirmou que o governo está progressivamente "reduzindo o aperto ao crédito, as restrições ao consumo, liberando os compulsórios dos bancos e reduzindo a taxa de juros".
Tudo para evitar que se chegue de fato à recessão. Mas defendeu o direito do governo "de decidir a velocidade com que esse ajuste terá lugar".
Ao contrário de Fernando Henrique, que festejou a deflação (preços caindo em vez de subir) apontada no IGP-M da Fundação Getúlio Vargas, Malan foi cauteloso.
"Não temos uma deflação no sentido de crescimento negativo de todos os preços", afirmou.

Texto Anterior: FHC propõe 'trégua' com oposição à venda da Vale no Senado em carta
Próximo Texto: Nossa Caixa fecha 1º semestre com lucro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.