São Paulo, sábado, 16 de setembro de 1995
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JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Acho que tudo o que poderia ser dito a Hill, Schumacher já falou após descer do carro.
Como disse um amigo, no dia em que Hill ultrapassar, de verdade, o alemão, ele vai descer do carro, levantar os braços em direção à torcida e ir embora para a casa. Não terá mais nada a fazer.
O problema de Hill não parece ser conquistar pontos para vencer o Mundial. Parece ser, apenas, superar o alemão. E, nessa busca paranóica, está perdendo a cabeça.

Na última segunda-feira, eu e outros companheiros de cobertura ficamos quatro horas presos no aeroporto de Milão por causa de uma greve de controladores.
Além de ficar de saco cheio, tive a oportunidade de assistir a um programa da TV italiana, uma espécie de mesa-redonda de F-1.
Tinha tudo, tudo mesmo. Cenas e entrevistas, costuradas com os comentários apaixonados dos apresentadores italianos.
Não tinha nada de muito especial, nenhuma pirotecnia de computador, nem aquele sucesso pop desgastado como fundo musical. Nada. Apenas F-1.
Outra vantagem importante: não tinha também nenhum apresentador fazendo telemarketing de produtos mirabolantes, a coisa mais chata da TV nos últimos tempos.
Após o encerramento do programa, entrou outro, sobre futebol, e não consegui prestar atenção na entrevista do Roberto Carlos, o ex-palmeirense que virou sensação na Itália.
Minha cabeça estacionou na tal mesa-redonda da velocidade. Fiquei imaginando isso por aqui. Teria uma boa audiência? Sim, responderam os colegas.
Então por que não fazem? A própria Globo respondeu no domingo. Com o fim da Indy e o novo horário do futebol nas noites de domingo, a F-1 perdeu o excelente esquema de cobertura que vinha sendo feito.
Entendo as prioridades da emissora, mas lamento. Quando quer, a Globo é muito competente. Exemplo disso foi o incêndio de Irvine, na Bélgica, captado apenas por sua câmera exclusiva.
A F-1 é um produto, como qualquer modalidade esportiva nos dias atuais. E que depende da TV. Não é à toa que querem fazer treino oficial apenas no sábado.
Infelizmente, a única modalidade bem tratada no Brasil, nesse momento, é o futebol.
Sem falar que somos obrigados a aguentar absurdos, como os chiliques do Romário.
Teste do Prost? Pra quê?

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