São Paulo, sábado, 16 de setembro de 1995 |
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'Decadência' entra de salto alto na lama
SÉRGIO DÁVILA
A trama do programa que a Rede Globo vem exibindo desde 5 de setembro, de terça a sexta-feira às 22h30, e que termina no próximo dia 22, é o pior Dias Gomes. É de um Nelson Rodrigues requentado às pressas, um sub-Nelson Rodrigues na verdade, com casarão de pai fracassado, filhas que se odeiam, irmã que bebe e deseja irmão canalha e goteiras. Os diálogos (parte deles "emprestada" até de revistas, soube-se depois) são risíveis, e a direção de atores, fraca, prejudica todo o elenco -bom, na maioria. Não havia o que fazer com Raul Gazolla, Ingra Liberato e um improvável Cássio Gabus Mendes de padre idoso, é verdade, mas Edson Celulari, Adriana Esteves e Stênio Garcia mereciam coisa melhor. As imagens e a condução, burocráticas, fazem duvidar ainda que "Agosto" e "Engraçadinha" tenham sido exibidas pela mesma emissora e há tão pouco tempo. Mas existe a polêmica. É o que segura a minissérie como assunto do dia, é o que deve segurar "Decadência" até o final, semana que vem. Na quarta-feira passada, Fernando Collor ganhou as eleições na obra de ficção, e isso passou a ser o pano de fundo. O personagem PJ/PC (Luiz Fernando Guimarães) já começou a achacar empresários, que colaboram. É aqui que a Globo vem lavando parte de sua alma, mostrando tudo que não mostrou quando devia -quando interessava. A outra parte da alma lavada é óbvia. Na última quarta-feira, também, o pastor evangélico Mariel (Edson Celulari) iniciou sua irresistível corrida ao topo. Mas a série entra de salto alto na lama. Os cultos de Mariel estão mais para Chacrinha e Silvio Santos (com três "evangeletes" no palco, inclusive) que para o que se vê logo ali, virando o seletor. Não, "Decadência" não vai ser os "Anos Rebeldes" dos pastores corruptos, não houve competência para tanto. O que é uma pena. Texto Anterior: Espírito de Suzy Parker ilumina a moda Próximo Texto: Avancini vai para TV Plus Índice |
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