São Paulo, sábado, 16 de setembro de 1995
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Juiz censura notícia em revista dos EUA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A revista semanal de negócios "Business Week" foi impedida pela Justiça de publicar uma reportagem na sua edição desta semana.
Poucas horas antes da rodagem, na noite de quinta-feira, a direção da revista recebeu ordem do juiz John Feikens para não publicar texto sobre uma ação que a empresa Procter & Gamble move contra o Trusters Bank.
A reportagem trazia informações sobre o processo que o juiz Feikens havia determinado que não fossem tornadas públicas.
A McGraw-Hill, empresa que edita "Business Week", diz que os documentos foram obtidos de maneira legal e está recorrendo da medida.
Kenneth Vittor, advogado da editora, diz que a decisão do juiz constitui censura prévia e é inconstitucional.
A Procter & Gamble, uma das maiores empresas dos EUA, produtora de artigos de limpeza e higiene, remédios e alimentos, acusou o Trusters Bank de lhe ter causado mais de US$ 100 milhões em prejuízos.
A origem da disputa foi a venda pelo banco para a empresa de derivativos (títulos cujo valor depende de outros títulos), sobre os quais a Procter & Gamble afirma não ter tido informação correta.
A "Business Week" descobriu que, além disso, a Procter & Gamble está acusando o Trusters de crime organizado. O juiz Feikens, que preside o caso, resolveu que essa parte do processo não seria tornada pública.
Uma fonte que permanece anônima forneceu cópias de toda a ação a "Business Week", que tinha programado sua publicação para esta semana.
Alertado pela Procter & Gamble, que soube do vazamento quando foi procurada pela revista para comentar o caso, o juiz resolveu proibir a publicação da reportagem.
Segundo advogados ouvidos ontem pela Folha em Washington, a "Business Week" deve ganhar o recurso que impetrou contra a decisão de Feikens.
Mas também é provável que o juiz Feikens ordene ao repórter que revele a identidade de sua fonte e, caso ele se recuse, o coloque na cadeia.
Vários jornalistas norte-americanos estão presos por não terem atendido a solicitações da Justiça para identificar suas fontes.

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