São Paulo, sábado, 16 de setembro de 1995
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A festa continua

A intenção inconfessa do governo de trocar verbas paroquiais para parlamentares pela aprovação da proposta orçamentária para 1996, se não for revertida configurará um caso grave de fisiologismo e interferência entre os poderes.
Os Parlamentos ocidentais surgiram justamente para controlar os gastos públicos, de modo que as emendas ao Orçamento são não só um direito como também um dever dos parlamentares. Os abusos verificados no passado podem ser contidos, por exemplo, com o fim das emendas individuais ou a obrigatoriedade da chancela do partido.
Já o aspecto ético do "é dando que se recebe" dispensa comentários. Basta lembrar que esse foi o expediente usado por Sarney para ganhar um ano extra de mandato e o tentado por Collor para não sofrer o impeachment.
O Brasil já deveria ter superado essa fase de fisiologia, que é a doença infantil da democracia. Os bons parlamentares, sem se esquecer de suas regiões de origem, deveriam pautar suas decisões pelo que, a seu ver e sob a ótica do programa de seu partido, é o melhor para o país. Infelizmente ainda prevalece aquela mentalidade em que a principal meta do congressista é se reeleger garantindo verbas pequenas para pequenos benefícios em suas bases eleitorais.
O governo, ao incentivar esse comportamento, em nada contribui para combater a fisiologia que o presidente Fernando Henrique Cardoso precipitadamente declarou extinta da nação.

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