São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 1995 |
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Chile afirma preferir Mercosul ao Nafta
FLAVIO CASTELLOTTI
Em entrevista à Folha, Maira deixou claro que as negociações entre o Chile e o Mercosul (acordo de livre comércio entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) não impedem as conversações entre seu país e o Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte, que une Canadá, EUA e México). Em visita oficial ao México, acompanhando o presidente chileno, Eduardo Frei, Maira disse não haver "dúvida de que o Plano Real está sendo favorável para a sociedade brasileira". A seguir, os principais trechos da entrevista concedida à Folha. Folha - O sr. veio ao México acertar detalhes técnicos para o ingresso do Chile no Nafta. Isso significa que o Chile prefere o Nafta ao Mercosul? Luis Maira - Absolutamente, não. As negociações com o Nafta são mais complexas que com o Mercosul, o que exige um acompanhamento mais próximo. Porém, pela própria proximidade geográfica e pelo volume de comércio que se observa hoje entre o Chile e os países do Cone Sul, o Mercosul é nossa prioridade em termos de política externa. Isso não impede a continuação das conversações com o Nafta. Folha - Quando estará finalizada a negociação com o Mercosul? E com o Nafta? Maira - Acredito que o Chile poderá tornar-se membro do Mercosul nos primeiros meses de 96. Já com o Nafta as coisas são mais complicadas. Tudo depende da aprovação do 'fast track' (via rápida) por parte do Congresso americano. Além disso, com o Mercosul já temos grande volume de comércio e nossas tarifas de importação são, em geral, mais baixas do que as aplicadas pelos países do acordo, o que não causa atritos. Maira - O Congresso norte-americano é imprevisível. Muitas vezes se deixa influenciar por fatores de caráter regional. Portanto, é impossível prever se o 'fast track' será ou não aprovado. Claro que estamos fazendo todo o possível. Em caso positivo, acredito que o Chile poderia integrar o Nafta em meados do próximo ano. Quais seriam as vantagens para o Chile em fazer parte do Mercosul? E do Nafta? Maira - A entrada oficial do Chile no Mercosul seria um estímulo adicional ao já desenvolvido fluxo de comércio da região. Quanto ao Nafta, a entrada do Chile repercutiria muito positivamente na comunidade internacional e poderia atrair grandes investimentos estrangeiros. Além, é claro, do incremento no comércio entre o Chile e a América do Norte. Folha - Como o sr. vê o processo de estabilização da economia brasileira? Maira - Não há receitas prontas. O Brasil já teve épocas de crescimento enquanto o Chile passava por severas crises. Cada país deve implementar seu próprio modelo. Não há dúvida de que o Plano Real está sendo positivo para o Brasil. Tem os seus custos, porém, em geral, é favorável para a sociedade brasileira. Texto Anterior: Fusão de impostos favorece União Próximo Texto: Marinha suspende projeto por falta de recursos Índice |
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