São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 1995
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Atrito entre tendências leva a racha no PT

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Imposições da Articulação (corrente majoritária do PT) levaram a um racha no partido no final da primeira reunião do novo Diretório Nacional. A chapa de esquerda não aceitou os vetos aos nomes que indicou e retirou-se da composição da Executiva Nacional.
Ficaram vagos 7 dos 21 cargos da Executiva. O presidente nacional, José Dirceu (Articulação), disse que vai tentar um acordo nas próximas semanas, mas reconheceu que a decisão da esquerda "tem muita gravidade".
A ruptura mostra que a nova direção está disposta a cumprir a sua meta de abertura do partido. Numa tática de "rolo compressor", impôs para a Executiva nomes da esquerda que se enquadrariam na nova política partidária.
Dirceu disse que a direção vai dar novos rumos ao PT: "O partido vai sair do 'internismo', das lutas internas, e vai para a sociedade. Vai buscar a política de alianças, procurar o petista que é só eleitor, que não é militante".
O deputado José Genoino (SP) disse que "acabou a guerra interna. Vamos fazer política para a sociedade". Ele considerou natural o racha: "O partido sempre contemporizou. Agora, está sangrando".
A chapa de esquerda (Hora da Verdade, Democracia Socialista, Força Socialista, Fórum Socialista e O Trabalho) indicou Joaquim Soriano (da DS) para a secretaria-geral. A Articulação não aceitou a sugestão. Queria um nome de expressão nacional.
A esquerda propôs o nome do deputado Arlindo Chinaglia (HV) para o mesmo cargo. O nome foi lembrado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Houve nova recusa e a esquerda decidiu se afastar da Executiva.
A Articulação e seus aliados (Democracia Radical, independentes e dissidentes da Hora da Verdade) elegeram Cândido Vacarezza para a secretaria geral. A tesouraria ficou vaga.
Chinaglia disse que as imposições da Articulação "rompem com a lógica de tendências do PT. Dá uma chacoalhada no partido. Não entendo a noção de democracia interna e de unidade partidária do grupo majoritário".
O deputado afirmou que os líderes da Articulação foram "deselegantes" ao fazerem avaliações sobre os nomes propostos: "Não é delicado ficar julgando o nome de pessoas".
Os cargos eleitos são os seguintes: primeiro-vice, Luis Soares Dulci (Articulação); segundo-vice, José Genoino (Democracia Radical); secretário-geral, Cândido Vacarezza (dissidente da HV); Assuntos Institucionais, Telma Souza (Articulação); Relações Internacionais, Marco Aurélio Garcia (Articulação); Sindical, Delúbio Soares (Articulação Sindical); Agrária, Geraldo Pastana (Articulação); Vogais, Aloizio Mercadante (Articulação), Luíza Erundina (Democracia Radical) e Clara Ant (Articulação); líder na Câmara, Jaques Wagner (independente), e líder no Senado, Eduardo Suplicy (independente).
Ficaram vagos sete cargos. Os indicados pela direção eram: para terceiro vice, Arlindo Chinaglia (HV); Organização, Sônia Hipólito (HV); tesoureiro, Joaquim Soriano (DS); Movimentos Populares, Irini Lopes (HV); Formação Política, Jorge Almeida (Força Socialista); e Vogais, Neide Aparecida (Fórum Socialista) e Markus Sokol (O Trabalho).

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