São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 1995
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Polícia muda na área mais violenta de SP

KENNEDY ALENCAR
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria da Segurança Pública do Estado decidiu mudar a forma de atuação da polícia na zona sul de São Paulo, a mais violenta da cidade.
Baseada em pesquisa do NEV (Núcleo de Estudos da Violência da USP), a secretaria vai mesclar o policiamento com uma operação social, que começará em outubro.
O secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, apresentou o projeto ao governador Mario Covas, que aprovou a idéia.
As polícias Civil e Militar vão oferecer à população da zona sul serviços sociais, como atendimento médico e dentário, expedição de documentos e assistência a menores usuários de drogas.
A secretaria batizou a iniciativa de Pisc (Plano Integrado de Segurança Comunitária).
"Estamos decididos a combater o uso da violência na investigação policial, que tem sido uma tradição no Brasil", disse o secretário-adjunto da Segurança Pública, Luiz Antonio Alves de Souza.
Segundo Souza, "a polícia deve ser uma força repressora da violência criminal e não dos problemas e movimentos sociais".
A Folha apurou que setores conservadores da polícia e do Poder Judiciário têm resistência às mudanças na mentalidade de segurança pública em São Paulo.
A secretaria contratou pesquisa da USP para identificar as causas sociais da violência na zona sul.
Coordenada pelo cientista político e pesquisador do NEV Guaracy Mingardi, a pesquisa definirá as medidas finais do Pisc.
A zona sul tem o maior índice de crimes contra a pessoa na capital. Os distritos policiais mais violentos são Capão Redondo, Parque Santo Antônio, Jardim Míriam e Jardim das Imbuias, onde ocorreram mais de 12 homicídios dolosos (com intenção) por mês no primeiro semestre deste ano.
Depois da zona sul, o plano deverá ser aplicado na zona leste.
Para a secretaria, as zonas sul e leste têm os maiores índices de criminalidade relativos à pobreza e à deterioração dos serviços públicos e da infra-estrutura urbana.
As secretarias da Saúde, da Educação e da Criança, Família e Bem-Estar Social vão participar.

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