São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 1995
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Três pessoas são chacinadas na zona sul

CLAUDIO AUGUSTO
DA REPORTAGEM LOCAL<UN>

Três pessoas foram mortas ontem de madrugada, no bairro Santa Bárbara, zona sul de São Paulo. A 39.ª chacina do ano elevou para 138 o total de vítimas que morreram em circunstâncias parecidas na Grande São Paulo.
No crime de ontem, às 2h, o estudante Alexandre Miller, 17, e dois homens, que não foram identificados, morreram fuzilados em uma Brasília, placas SX 4279.
Uma das vítimas ainda foi socorrida e encaminhada ao PS Balneário São José. Mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Uma hora antes, no mesmo bairro, um outro homem havia sido alvejado e morto. Uma quinta vítima foi assassinada na mesma região. O pernambucano João Alves Marques, 26, auxiliar de limpeza, foi morto a pedradas.
Os policiais do 25.º Distrito Policial investigam a conexão entre os cinco assassinatos ocorridos na madrugada do domingo.
Apesar de uma das vítimas ter sido socorrida por moradores pouco depois de ser atingida pelos disparos, ninguém havia se apresentado ao distrito até o início da noite de ontem para dar informações sobre o crime.
Na metade das 38 chacinas anteriores, a polícia conseguiu identificar um ou mais de um dos autores do crime. Nos outros 19 casos, ninguém foi identificado.
Vinte e quatro pessoas sobreviveram às tentativas de homicídio múltiplo neste ano.
As pessoas que morreram, em muitos casos, foram atingidas na cabeça - o que indica execução.
As chacinas acontecem na rua, em bares ou dentro das casas das vítimas. Neste ano, três irmãos menores de idade foram mortos dentro de sua casa, em Franco da Rocha, Grande São Paulo.
O secretário estadual da Segurança Pública, José Afonso da Silva, disse ontem à Folha que a polícia tem travado uma “luta muito grande para reprimir” as chacinas. “Estamos combatendo o tráfico de drogas. Muitos casos de chacina estão ligados a drogas.”
Mas, de acordo com ele, é impossível fazer policiamento preventivo em todos os locais onde há chance de ocorrer uma chacina.
O ideal, para o secretário, seria identificar os culpados e puní-los - o que inibiria os criminosos e reduziria a ocorrência de novas chacinas na Grande São Paulo.
Afonso da Silva disse que o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), setor da polícia paulista responsável pela investigação das chacinas, é “dos melhores da América Latina”.
A identificação de pelos menos um culpado em 50% dos casos, segundo ele, é uma boa média.

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