São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 1995
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Show realça a fase zen de Gal

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Show: Mina D'Água do Meu Canto
Artista: Gal Costa
Onde: Palace (r. dos Jamaris, 213, tel. 011/531-4900, Moema, zona sul de São Paulo)
Quando: sexta e sábado, às 22h; domingo, às 21h
Quanto: de R$ 30 a R$ 70

O show "Mina D'Água do Meu Canto" é para se "ver" de olhos fechados. Um espetáculo concebido para realçar a voz de Gal Costa.
O despojamento do cenário -limitado a um tela branca no fundo- é acentuado pela iluminação branda, discreta.
Os arranjos sutis e a sobriedade e coesão da banda servem de moldura perfeita para o talento de Gal.
Com domínio perfeito da voz -agora mais grave-, a cantora brilha sozinha.
A fórmula do show precisaria de muito talento para ser destruída. A receita reúne um repertório de primeira -composições de Caetano Veloso e Chico Buarque- interpretado pela melhor cantora do Brasil.
Para dar certo, basta que ninguém queira aparecer mais do que a cantora. O que, felizmente, não ocorre.
Quem for ao Palace, contudo, não deve esperar um show agitado, ou uma Gal energética. A apresentação está mais próxima de um recital, intimista e reflexivo.
A própria cantora reconhece que é uma faceta diferente da exibida no espetáculo anterior, "O Sorriso do Gato de Alice".
No show, Gal transpira a tranquilidade da segurança. Não se dirige ao público com palavras. Com charme discreto, só se comunica por um ou outro sorriso. Parece não se importar com os gritos de "deusa". Está mais zen do que nunca.
No palco, ela remoça. Esbanjando jovialidade e, mais do que tudo, sensualidade.
O espetáculo é calcado no disco "Mina D'Água do Meu Canto", que vendeu 130 mil cópias desde o lançamento, em maio. A diferença básica do disco para o show é a ausência de orquestra.
Os primeiros grandes momentos surgem com "Baby", de Caetano, e "A Rita", de Chico.
Mas sua voz ganha dramaticidade em músicas como a arrebatadora "Vitrines", e a emocionada "Atrás da Porta". Ambas primorosas.
Empolga a platéia com "Samba do grande Amor", "Cajuína" e "Vaca Profana".
No final, menos zen, a cantora ensaia passos de samba em "Quem Te Viu, Quem Te Vê".
Gal dá uma aula de talento. Como fez Joana, na estréia, as cantoras da MPB deveriam assistir "Mina D'Água do Meu Canto" na primeira fila.

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