São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995
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Operação tenta salvar lavoura de soja

JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Indústrias de insumos, processadoras de soja e tradings deverão comprar dos agricultores, antes da colheita, até 3,6 milhões de toneladas (t) de soja, por meio de CPRs (Cédulas de Produto Rural).
Ao vender uma CPR, o agricultor recebe dinheiro à vista para financiar o plantio, sob o compromisso de entrega futura da produção (veja texto ao lado).
O Banco do Brasil (BB) estima em US$ 500 milhões o valor total das operações do setor privado com CPRs. Este montante poderá variar, dependendo do comportamento das cotações no mercado externo.
As cédulas serão negociadas em leilões eletrônicos, coordenados pelo Banco do Brasil, a partir do início de outubro.
No leilão, que poderá interligar até 27 bolsas de mercadorias no país, empresas processadoras e exportadoras vão disputar a compra de CPRs de soja.
Ficará com a CPR quem oferecer o preço mais alto pela saca do grão, que se situe acima do valor mínimo exigido pelo agricultor para que se efetue a venda da cédula.
Governo e setor privado avaliam que a CPR é o único instrumento capaz de estancar a queda na produção da próxima safra.
Segundo o mercado, a produção deve cair 15% em relação à colheita deste ano, mesmo que a CPR funcione como nova fonte de financiamento da agricultura.
O BB, a Sadia e outras empresas processadoras e exportadoras de soja e derivados começaram a captar dinheiro no mercado financeiro internacional para a compra de CPRs dos agricultores.
Na semana passada, o BB captou o equivalente a US$ 100 milhões no Japão, que serão utilizados no financiamento da compra de cédulas.
Empresas que usarem esse crédito pagarão ao BB juros em torno de 16% ao ano mais a correção cambial.
"Há facilidade para o país captar recursos no exterior", diz Nelson Mamede, diretor de commodities da Sadia, que pretende tomar dinheiro externo ao custo de 9% ao ano, mais variação cambial.
Outras empresas do setor devem, além da CPR, fornecer adubo e sementes em troca de soja.
Centro-Oeste, Maranhão, Bahia e Minas Gerais são as regiões com maior demanda de recursos das CPRs, em função do alto endividamento dos produtores.

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