São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995
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Ministro sem voz

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A pressão continua.
Na Record, surge um diretor da Fiesp e diz, "não achamos que vai haver novas contratações" até o fim do ano. Não há esperança, concorda o âncora, e o responsável está no Ministério da Fazenda.
No SBT, o ministro das Comunicações diz que "falar em mudança é falta de assunto e especulação pura", mas o âncora surge em seguida e afirma que quem anda falando em mudança de ministro é gente do próprio governo.
O desmentido do presidente, anteontem, não ajudou Pedro Malan. A pressão não tem fim. As medidas de um mês atrás resultaram em nada.
Talvez cansado de tamanha pressão, o presidente passou na Alemanha o que parecia uma mensagem ao seu ministro, ali do lado. Na CBN:
- Dizem que ministro da economia não pode falar. Eu, ao contrário, falava demais e acho que para ganhar o apoio necessário você tem que sair a campo, defender suas idéias.
Pedro Malan não é de sair a campo. É muito acanhado, para a arte da política.
Conciliação
Um diálogo entre Boris Casoy e Eunice Paiva, viúva de Rubens Paiva, no SBT:
- Dona Eunice, como é que a senhora se sentiu naquele abraço com um militar?
- Olha, não deu tempo de pensar, Boris, porque eu tinha acabado de abraçar o Fernando Henrique, eu me virei para abraçar as outras pessoas e o general estava na frente. Aliás, ele é uma pessoa simpaticíssima, já tinha falado comigo e foi uma coisa espontânea. Ele estava emocionado, eu, o Fernando, todos emocionadíssimos, e eu o abracei.
- A senhora acha que, com toda a dor da perda do seu marido em circunstâncias extremamente trágicas, esse abraço pode simbolizar uma conciliação nacional?
- Ah, certamente. Certamente.
Terrorismo
Os sem-terra, à solta, com invasões por todo lado, surpreenderam os petistas, que passaram a priorizar a ordenação, a dominação do movimento.
Também a Globo. Uma manchete de ontem, logo de quem, Alexandre Garcia:
- Investigação vai revelar se os terroristas participam da invasão de terra no Brasil.

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