São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995 |
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Prefeito diz que saída de sem-terra é 'loucura'
JOSÉ MASCHIO
Amadigi é do PPB, partido formado pela fusão de PPR e PP, que não tem como prioridade a reforma agrária. "Nem sei certo o nome do meu novo partido. Eu penso na situação municipal", explica a aparente contradição. Segundo ele, qualquer outra decisão da Justiça que não a emissão de posse aos invasores da fazenda Pontal do Tigre seria uma "loucura de consequências imprevisíveis". Professor de português em escolas de segundo grau no município, Amadigi disse não ter recebido "pressão direta" de fazendeiros por sua defesa dos sem-terra. A seguir os principais trechos de sua entrevista à Agência Folha. Agência Folha - O senhor decretou ponto facultativo no último dia 15 em apoio aos sem-terra. Por que esse apoio explícito? Mário José Amadigi - Em primeiro lugar, foi um decisão não só minha, mas conversada com os nove vereadores e outras lideranças. Eu poderia decretar feriado, mas com o ponto facultativo eu pude comprovar o apoio da sociedade a eles. Todo o comércio fechou. Logo, estávamos certos. Agência Folha - O senhor é do PPB, um partido formado a partir do PP e do PPR, que não defendem a reforma agrária. Como se dá essa "rebeldia partidária"? Amadigi - Eu não me pauto pela questão nacional ou estadual dos partidos. Nem sei certo o nome do meu novo partido. Eu penso na situação municipal. Os sem-terra estão inseridos na cidade, são parte de Querência. Qualquer decisão do Judiciário que não a emissão de posse seria uma loucura de consequências imprevisíveis. Agência Folha - O senhor pretende pressionar o Judiciário pela imissão? Amadigi - Não acredito em pressão. Vou tentar interferir para adiantar o julgamento. O Judiciário é soberano, conhece a situação e sabe que, depois de sete anos, é impossível tirá-los da fazenda. Eu mesmo já instalei energia elétrica em toda a área. Construímos, com o governo do Estado, escolas de primeiro e segundo grau, um posto de saúde e vamos implantar água tratada na área. É uma prova de que o processo é irreversível. Agência Folha - O senhor recebeu pressão dos fazendeiros? Amadigi - Pressão direta não, mas houve comentários. Falaram que Querência é um refúgio de sem-terra. Acontece que o que existe de real é o seguinte: os sem-terra produzem, vendem e compram em Querência. Os fazendeiros são de fora. Não gastam, não fazem nada no município. Texto Anterior: Ministro e Incra divergem sobre sem-terra Próximo Texto: Projeto anula demarcação ianomami Índice |
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