São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995
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Situação de assentados no Paraná depende de decisão do Supremo

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

A regularização das famílias de sem-terra que estão assentadas na fazenda Pontal do Tigre, em Querência do Norte (noroeste do Paraná), depende de decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).
O juiz da 9ª Vara Federal de Curitiba, José Sabino da Silveira, disse ontem que qualquer decisão sobre a posse da área só será tomada após julgamento do STF do recurso do grupo Atalla contra a desapropriação da fazenda.
Sem a posse, os sem-terra não conseguem ter acesso a financiamentos para a produção.
Invadida em julho de 1988, a fazenda foi desapropriada no mesmo ano. Desde então, o grupo Atalla, proprietário da área, e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) disputam na Justiça a posse da fazenda.
Segundo o juiz, somente depois da posição do STF ele poderá decidir sobre o caso. Ele afirmou que se o STF dar "provimento ao recurso, ficará inviabilizada qualquer proposta de desapropriação".
A fazenda Pontal do Tigre tem 10.400 hectares e é hoje ocupada por cerca de 400 famílias. Destas, 320 estão na área deste o início da invasão.
A produção na fazenda está organizada de três formas diferentes.
Um grupo de ex-bóias-frias do noroeste do Paraná mantém uma produção individualizada.
Só se associa aos demais na utilização de uma máquina de beneficiamento de arroz na cidade e nas lutas políticas.
Sem-terra saídos do oeste e do sudoeste do Estado, habituados a mutirões, optaram pelo trabalho em lotes individuais com associação apenas na produção de arroz. A Copaco (Cooperativa de Produção Agropecuária Conquista) reúne 17 famílias que coletivizam 193,6 hectares.
A produção é dividida em módulos de produção animal, agricultura de subsistência e de comercialização. A Copaco produz leite, arroz, algodão e milho.
A cada 45 dias, a cooperativa vende 1.800 frangos abatidos no comércio de Querência.
A Copaco está também está iniciando a criação de peixes. Ainda na produção animal, cada pessoa das 17 famílias recebe dois ovos diários e um frango abatido a cada final de semana.
Segundo Pedro Cabral, na produção de arroz os sem-terra conseguiram "fugir dos intermediários" beneficiando o produto e vendendo diretamente aos varejistas.
Para isso foi fundamental a instalação da máquina de beneficiamento de arroz em Querência do Norte em 1992.
Os recursos foram conseguidos através de financiamento conjunto de duas ONGs (organizações não-governamentais) da Bélgica.

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