São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995
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Pesquisa elege nome para 'Bráulio'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A população vai ser consultada sobre o novo nome para o "Bráulio", o pênis falante que estrela a campanha contra Aids, produzida pelo governo federal.
A decisão do Ministério da Saúde se deve à repercussão negativa que a proposta inicial teve junto aos homens chamados Bráulio, que se sentiram ofendidos.
O ministro Adib Jatene acatou o apelo e determinou a suspensão da campanha no sábado passado.
O governo já escolheu quatro alternativas que serão testadas em uma pesquisa de opinião. Não serão usados nomes de pessoas. Devem ser escolhidos apelidos com a mesma sonoridade de Bráulio.
"Xará", "Brother" e "Bimbo" foram cogitados e descartados, segundo Lair Guerra de Macedo, coordenadora do programa de Aids do governo federal.
"Uma grande agência de pesquisa" estará encarregada de fazer as entrevistas com 2.000 pessoas em todos os Estados. O governo não revelou o nome da agência.
Para escolher o nome Bráulio, o governo havia feito pesquisas de opinião. O detalhe é que os entrevistados pertenciam ao público-alvo da campanha: homens pobres de 20 a 40 anos.
A reação contra a campanha não partiu desse público, avalia o governo. Por isso, a nova pesquisa entrevistará todos os segmentos da sociedade, para chegar a um nome que não ofenda ninguém.
Depois de escolhido o novo nome, o que deve ocorrer na próxima sexta-feira, a campanha vai ser dublada e voltará a ser exibida.
Os cinco filmes para a TV serão mantidos, só muda o nome do pênis. Um dos filmes mostra como usar uma camisinha. Nos outros, o ator conversa com seu órgão genital para convencê-lo da necessidade de usar o preservativo.
Os "jingles" para o rádio só devem voltar na próxima semana. A letra do forró interpretado por Genival Lacerda vai ser refeita.
As rimas terão de ser compostas de acordo com o novo nome escolhido para a campanha. Segundo Lair Guerra, a nova pesquisa, as dublagens e a recriação do jingle não custarão nada para o governo.
Essa campanha é a mais ousada já feita pelo governo. Pela primeira vez, mostra-se na TV como colocar uma camisinha e são abordados temas como sexo oral e anal.

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