São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995
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Bráulios vão mover ação contra campanha

VANDRÉ KRAMER; ANDRÉ LOZANO

VANDRÉ KRAMER
* Da Folha Nordeste
Bráulios de Ribeirão Preto e São Joaquim da Barra, no interior de São Paulo, estão entrando com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para processar o Ministério da Saúde por danos morais.
Na campanha para prevenção contra a Aids, veiculada na semana passada em rádio e televisão e já suspensa pelo Ministério da Saúde, atribuiu-se ao órgão sexual masculino o nome de Bráulio.
O advogado Júlio Bráulio, de São Joaquim da Barra (380 km ao norte de SP), que está coordenando a ação, afirmou que a campanha violou a intimidade, a privacidade e a honra das pessoas que têm esse nome ou sobrenome.
Segundo ele, já foi contratado um advogado em Brasília para entrar com a ação no STF. "Se a campanha é agressiva, poderia utilizar o nome do órgão masculino."
O estudante de direito Bráulio Cunha Junqueira, de Ribeirão Preto (319 km ao norte de SP), afirmou que está sendo alvo de brincadeiras após a campanha.
Segundo ele, a campanha é educativa, mas criou uma situação constrangedora para as pessoas que têm esse nome ou sobrenome.
Em São Paulo, outros Bráulios afirmam não ter se incomodado com o fato de seu nome ou sobrenome ter sido usado, mas se dizem satisfeitos com a decisão de se alterar as propagandas.
O roteirista de TV Bráulio Mantovani, 32, disse que deu risada na primeira vez que ouviu dizer que o nome seria usado na campanha.
"Eu não me incomodei muito, mas evidentemente não é agradável. Mas se não tivessem mudado o nome, tudo bem, porque seria usado com uma finalidade nobre."
O vendedor Sidney Carvalho Braulio, 25, tem a mesma opinião. "Acho que o governo até poderia manter o nome Bráulio. Se fosse para o bem da população, não me incomodaria de ter o meu nome designando outras coisas", disse.

* Colaborou ANDRÉ LOZANO, da Reportagem Local.

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